Paulo Germano

Paulo Germano

Jornalista formado pela PUCRS, está em ZH desde 2006, mas foi em 2015 que se tornou colunista do jornal. Antes, atuou nas áreas de política, geral, cultura e esportes. É comentarista da RBS TV. Já venceu o Prêmio Petrobras de Jornalismo e foi finalista do Prêmio Esso. PG, como é chamado, escreve sobre vida real.

Fora de operação

Quantos você já viu ligados? Porto Alegre é uma cidade que despreza chafariz

Pode parecer bobagem, mas são equipamentos assim que fazem uma cidade única, atrativa e aprazível

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Rossana Ruschel / Agência RBS
Restaurado há quatro meses, histórico Chafariz Imperial, na Redenção, não jorra uma gota

Um dos mistérios de Porto Alegre é esse desprezo ao chafariz. Em que momento virou normal tanto chafariz desligado? Quando passamos a aceitar isso? Eu aqui, pensando um pouquinho, só lembro de um chafariz em operação: aquele do Largo dos Açorianos, que nem é muito empolgante – a cascata, sim, é bem bonita.

Na Redenção, parque mais importante do Estado, a situação é desoladora. A reforma do Recanto Europeu foi concluída em agosto, custou R$ 380 mil, tudo com dinheiro privado, mas a atração principal – o belíssimo Chafariz Imperial, que veio da França no fim do século 19 – não jorra uma gota. Por que, Jesus?

A prefeitura diz que a bomba que ativa o esguicho foi furtada. Já compraram o equipamento novo, e a ideia é que o conserto esteja pronto até o Natal. Também está prevista para o Natal a volta da fonte luminosa, no eixo central do parque – aquilo é espetacular, mas dá para contar nos dedos quantas vezes vi funcionar. A Redenção ainda tem o chafariz do pedalinho, fora de operação há uns 40 anos.

– Parece maldição, nada funciona. Inauguram o chafariz e fica por conta dele funcionar sozinho – diz o professor José Francisco Alves, ex-coordenador da Memória Cultural do Município e autor do livro A Escultura Pública de Porto Alegre.

Prefeitura diz que as depredações são um problema sério, mas Porto Alegre tem chafarizes vandalizados há quatro décadas.

Segundo ele, falta na prefeitura uma equipe de profissionais dedicada a essas manutenções – lá pelas tantas, claro, dá problema no encanamento, na elétrica, no motor e ninguém resolve. A administração municipal diz que um problema sério são as frequentes depredações, o que faz sentido, mas vandalismo ocorre em qualquer lugar: a diferença é que, em Porto Alegre, há chafarizes vandalizados há quatro décadas.

Na Praça Japão, por exemplo, desde os anos 1980 a fonte está desativada. Na Praça da Alfândega, após a reforma de 2013, dois belos chafarizes funcionaram por algumas semanas e nunca mais. Pode parecer bobagem, mas é esse tipo de equipamento que faz uma cidade ser única, atrativa, vibrante, agradável. Sem falar que a água alivia o calor escaldante que faz aqui.

Porto Alegre tem coisas lindas. Às vezes, é só deixá-las se exibirem.

Com Rossana Ruschel

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