Paulo Germano

Paulo Germano

Jornalista formado pela PUCRS, está em ZH desde 2006, mas foi em 2015 que se tornou colunista do jornal. Antes, atuou nas áreas de política, geral, cultura e esportes. É comentarista da RBS TV. Já venceu o Prêmio Petrobras de Jornalismo e foi finalista do Prêmio Esso. PG, como é chamado, escreve sobre vida real.

Lá é lindo

Nova York, Genebra e Londres têm chafariz que Porto Alegre desativou porque população não gostou

Desativados há quatro anos, jatos d'água talvez pudessem voltar com projeto de concessão do Mercado Público à iniciativa privada

Paulo Germano

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Mirian Bravo / PMPA
O chafariz em 2012, quando foi inaugurado

Desativado há quatro anos, o vistoso chafariz que brotava do chão no Largo Glênio Peres bem que poderia funcionar de novo. Nada impede que a prefeitura – prestes a lançar uma licitação para conceder o Mercado Público à iniciativa privada – sugira à concessionária que reative os jatos d'água.

Isso se a população, desta vez, for um pouco mais tolerante. 

– Chegavam muitas queixas de pedestres se molhando. A gente acha lindas essas inovações fora do Brasil (veja galeria de fotos abaixo), mas, quando fazemos aqui, as pessoas adoram procurar defeito – lamenta o arquiteto Glênio Bohrer, que coordenou o projeto na Secretaria de Planejamento Urbano.

A inauguração foi em 2012, depois que o município firmou um convênio com a Coca-Cola: na época, a empresa investiu R$ 1 milhão em pavimentação, deques e uma série de melhorias no Glênio Peres. Mas a grande atração, o chafariz que ocupava 40 metros de extensão em frente ao Mercado – e tinha um reservatório de 12 mil litros no subsolo –, logo apresentou falhas com o excesso de sujeira nas canaletas.

Nenhuma adversidade foi maior, no entanto, do que as frequentes reclamações. Durante a seca de 2015, quando o Brasil enfrentou uma crise de abastecimento, as pessoas não entendiam que a água do chafariz era reaproveitada. Acharam, então, que havia ali um desperdício monumental.

– Eu chegava a sentir pena do pessoal que atendia o 156 – disse o ex-prefeito José Fortunati em entrevista à coluna no ano passado. – Avaliei que, durante aquele período sensível, era melhor desligar o chafariz.

Meses depois, os jatos d'água voltaram. Só que havia tanta sujeira acumulada ali dentro, que uma torrente de queixas por mau cheiro voltou a atordoar a central de atendimento. A Coca-Cola, logo depois, decidiu romper o contrato com a prefeitura e, sem dinheiro público para bancar o chafariz, a ideia foi abandonada.

Em nota, a Secretaria Municipal de Parcerias Estratégicas diz que "não haverá obrigação da concessionária de reativar o chafariz, mas todas as melhorias que não interferirem no tombamento (do Mercado Público) poderão ser propostas e implementadas com a aprovação do município".

Tomara que o chafariz seja uma delas.

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