Tudo impressiona no desastre apocalíptico de Brumadinho, mas o que mais comove, depois do sofrimento das vítimas e de seus familiares e amigos, é o trabalho incansável dos bombeiros na procura de sobreviventes e no resgate dos corpos soterrados. Aquelas imagens de homens marrons rastejando penosamente sobre a lama ficarão para sempre na memória dos brasileiros como um registro dramático do contraste entre o descaso de quem deixou a tragédia acontecer e o heroísmo de quem tenta atenuar a dor alheia.
Nesse cenário perturbador, destaca-se o porta-voz da corporação mineira – o tenente Pedro Ahiara – que assumiu a responsabilidade pela comunicação no primeiro momento e está conseguindo desempenhar sua tarefa com serenidade e competência. Articulado e objetivo, o jovem bombeiro passa informações precisas, responde a todos os questionamentos sem se alterar e oferece aos interlocutores da imprensa frases praticamente editadas, com começo meio e fim, com sentido e conteúdo. Ahiara vem se revelando um verdadeiro herói das palavras num momento em que as pessoas necessitam não apenas serem informadas, mas também tranquilizadas e consoladas.
Quem trabalha com comunicação sabe que, no clima emocional de uma tragédia desta dimensão, qualquer vírgula mal colocada pode suscitar indignação e revolta. Não há margem para mal-entendidos. Nesse contexto, merece reconhecimento o discurso simples e preciso do porta-voz dos bombeiros, que se faz compreender até mesmo quando aborda termos técnicos do seu ofício, jamais deixa de valorizar o grupo a que pertence e procura sempre dar uma dimensão humana a suas intervenções – com foco prioritário nas vítimas e nos seus afetos.
Quando as más notícias são inevitáveis, é sempre um lenitivo ouvi-las de uma voz amiga e confiável.