A resposta curta para a pergunta do título é um simples "não", caso a definição para "consenso de mercado" seja... a de mercado.
É como são chamados os resultados das projeções medianas (mais frequentes) do Relatório Focus, publicado toda segunda-feira pelo Banco Central (BC) com o resultado de consultas a cerca de uma centena de economistas de instituições financeiras e consultorias econômicas.
No que foi publicado há pouco pelo BC, ainda não aparece alta de juro neste ano - segue nos 10,5% - e sequer para 2025 - continua em 10%. A mudança já visível é para 2026, subindo de 9% para 9,5%.
Mas respostas curtas nem sempre dão conta da complexidade do momento. Assim como o economista-chefe do BV (de banco Votorantim), Roberto Padovani, outros profissionais e instituições financeiras já revisaram as projeções para alta ainda neste ano - mesmo diante do anúncio antecipado de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) vai cortar o seu.
Além de Padovani e do BV, projetam alta do juro já em setembro casas como XP, ASA e Legacy. A XP projeta fim do novo ciclo de alta uma taxa ainda mais alta do que a projetada em entrevista na coluna: 12%.
Na semana passada, depois de protagonizar o insólito episódio que o apontou como mais "duro" do que o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, o seu virtual sucessor, Gabriel Galípolo, amenizou o discurso.
Fez o dólar se aproximar do patamar de R$ 5,60 mas, depois do fechamento do mercado, insistiu que a alta de juro é, sim, uma decisão que "está sobre a mesa". Nestes termos:
— Na minha interpretação, posição difícil para o BC não é ter de subir juros. Posição difícil é inflação fora da meta, que é uma situação desconfortável. Subir juros é uma situação cotidiana para quem está no BC.
Vêm aí duas semanas e meia de alta especulação sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do dia 18 de setembro.