A brava Câmara dos Deputados mudou o relatório da regulamentação da reforma tributária e incluiu todas as proteínas animais na cesta básica dos produtos que são isentos de imposto sobre o consumo.
Mais ainda, como fiel protetora dos interesses da sociedade, colocou um teto na alíquota-padrão para impedir que o custo tributário estimado em 0,53 ponto percentual de fato transforme o Brasil no país com a maior do mundo.
Para simplificar, a Câmara fez populismo, vai obrigar a Fazenda a praticar mais malabarismo e, mesmo propagandeando que vai baixar o preço da carne para os pobres, na realidade vai ajudar rico a comer filé mignon.
A classe média estava contemplada pela redução na alíquota da carne prevista no projeto, no substitutivo e no relatório. Os pobres estavam amparados pela devolução do imposto pago em itens essenciais - carne incluída - por famílias de baixa renda, o cashback. O mecanismo segue existindo, apesar da manobra alimentada a lobby.
A maioria dos brasileiros está contente com a isenção de imposto sobre as carnes? Com certeza. Ao menos nesse caso, até o presidente da República já na fase de garantir compromisso com a responsabilidade fiscal, disse que ficaria "feliz" com esse resultado - em cena que seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não aplaudiu.
O roteiro repete a história recente das dificuldades econômicas do Brasil: o Legislativo cria benesses, falta dinheiro para bancar todas, cresce o endividamento, parlamentares criticam o governo gastador.
Os parlamentares ainda podem transformar limão em limonada. Basta abrir mão de parte das emendas parlamentares para tapar o buraco que está cavando em orçamentos futuros. É fácil como isentar as carnes de tributo sobre o consumo.