Depois de elaborar programas ambientais para grandes empreendimentos, da CMPC ao porto de Rio Grande, a consultoria gaúcha Arvut se volta aos pequenos negócios. Atende, sem custos, empresas afetadas pela enchente no Estado, com orientações para restabelecimento de operação e criação de planos de longo prazo. Interessados podem se candidatar aqui. Para o CEO da Arvut, Kayo Soares, o ambiente deve ser uma preocupação de "todas as empresas e todos os gaúchos".
Por que oferecer consultoria ambiental grátis?
As grandes empresas, em teoria, precisam cumprir uma série de requisitos ambientais, seja por regulamentação ou por exigência de mercado. Mas as pequenas empresas, não. E foram gravemente afetadas pela enchente. A ideia é transmitir o conhecimento que temos de atuação em grandes empresas para as pequenas, sem custos, para que consigam retomar o funcionamento de forma rápida. Vamos ajudar a atender requisitos ambientais e resolver passivos gerados pela enchente. Em um segundo momento, vamos auxiliar em ações estruturantes.
Quem pode participar?
A empresa precisa ter sido afetada pela enchente, de forma direta ou indireta. Também precisa ser uma pequena empresa, de indústria ou comércio. Vamos priorizar os setores essenciais, como alimentos, saúde e transporte. Não limitamos o número de selecionadas, depende da complexidade. O empreendedor se cadastra e passa por uma entrevista para entender as demandas. A empresa não precisa apresentar essas demandas ambientais, nessa conversa podemos identificar.
A ajuda segue para depois da retomada do funcionamento?
Também podemos elaborar planos estratégicos. A emergência climática, que mostrou sua face mais drástica com a enchente, é fruto da mudança climática. O compromisso ambiental de todas as empresas tem de aumentar, e o Rio Grande do Sul pode ser exemplo. Temos que ter compromissos com resiliência climática, com redução de emissões, que são dependentes de grandes empresas. Tem de chegar também a pequenas e médias empresas, em todos os gaúchos, com efeito prático. É construir planos com impacto real, não só como publicidade.
Como motivar pequenas e médias empresas a adotar práticas ESG?
Para que as ações ambientais tenham impacto, essas empresas precisam aderir às práticas ESG. São as principais geradoras de empregos no Estado. Muitas vezes, a percepção é de que ações ambientais aumentam o custo do produto. Na verdade, geram redução. Por exemplo, uma empresa que modifica a sua geração de energia, saindo da tradicional para solar, tem uma produção mais barata e sustentável. Só que as pequenas empresas não conseguem fazer isso sozinhas, sem investimento. Aí entramos. Vamos adaptar soluções já existentes para que pequenas empresas assumam compromissos ambientais e já comecem a ter o benefício do ESG, que vai ajudar na competitividade do negócio e na reconstrução do Rio Grande do Sul. Vamos democratizar o ESG, que ainda está muito ligado às grandes empresas.
*Colaborou João Pedro Cecchini