Com acionistas e executivos gaúchos, duas petroleiras brasileiras independentes estão negociando uma fusão. E o processo tem uma curiosidade: a empresa que está propondo o negócio não quer o controle do negócio resultante.
A Enauta enviou carta propondo a união à 3R e admitindo que ficaria com 47% do negócio final, deixando o controle, com 53% do capital, para a eventual sócia. A estimativa é de que a sinergia (ganhos resultantes da associação) alcançaria US$ 1,5 bilhão.
Entre os acionistas da 3R estão a Gerval (family office dos Gerdau) e a família Bartelle, além da Starboard (assessoria financeira especializada em situações especiais). Um dos integrantes de seu conselho de administração é o gaúcho Harley Scardoelli, que foi diretor financeiro da Gerdau. Os donos da Enauta são Jive, Bradesco e a família Queiroz Galvão, e seu principal executivo é Décio Oddone, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A iniciativa da Enauta interfere em outra negociação que vinha ocorrendo entre 3R e outra petroleira, a PetroRecôncavo, por decisão da empresa com acionistas gaúchos. A 3R tem campos de exploração de petróleo na Bahia e no Rio Grande do Norte. Mesmo em mercado dominado pela Petrobras, empresas independentes cresceram com leilões para explorar petróleo.
Conforme a proposta à que a coluna teve acesso, a fusão entre Enauta e 3R criaria "uma das principais e mais diversificadas empresas independentes de petróleo e gás na América Latina". Um dos pontos fortes seria o fato de a Enauta ter uma forte posição de caixa, enquanto a 3R tem dívida líquida de R$ 1,4 bilhão.
A produção potencial da combinação passa de 100 mil barris de óleo equivalente com oportunidade de crescimento composto nos próximos cinco anos e reservas de cerca de 700 milhões de barris. A perspectiva é de que, em 30 dias, seja possível fazer a diligência (verificação dos dados de cada uma das empresas) e fechar o acordo.