Com o "au revoir" do presidente francês, Emmanuel Macron ao acordo entre Mercosul e União Europeia, o clima da despedida de Luiz Inácio Lula da Silva da presidência rotativa do Mercosul voltou a ser de "adiós, Mercosur".
Sem poder aumentar o custo dos sócios de virar as costas para o bloco latino, Lula comandou uma reunião de cúpula esvaziada e com pressão renovada do Uruguai.
O presidente Luiz Lacalle Pou disse estar "cético" sobre o acordo com a União Europeia. Reclamou de Macron, mas também dos colegas que "sempre querem mais". Lacalle Pou voltou a cobrar a "modernização" do bloco. Na visão de quem acaba de voltar de um encontro de cúpula com a China com finalidade comercial, seria o fim o status de "união aduaneira", em que todos os países são obrigados a cobrar as mesmas tarifas de importação.
No Brasil, o grande valor econômico percebido do Mercosul é a facilitação do comércio com os vizinhos que compram mais produtos de alto valor agregado do que os demais clientes do país. Mas o principal importador - a Argentina - segue comprando, só que não paga. E o presidente eleito, Javier Milei, já antecipou sua visão sobre o futuro imediato do país: uma longa estagflação.
A combinação da rejeição da França, da pressão do Uruguai e do aprofundamento da crise na Argentina tende a manter o Mercosul como é hoje, mais um símbolo do que um catalisador da atividade econômica que se propunha a ser. Daí para a remoção da principal distinção do bloco, a união aduaneira traduzida em altas tarifas de importação, pode ser só um "adiosito".