O presidente francês, Emmanuel Macron disse, neste sábado (2), que é contra o acordo entre o Mercosul e a União Europeia e afirmou que a aliança é incoerente com a política ambiental brasileira. Durante coletiva de imprensa na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), ele ainda classificou o tratado como "antiquado" e que não é "bom para ninguém".
Lula tem tentado destravar o acordo entre os blocos, sem sucesso. O presidente pretende viabilizar um consenso sobre o tema antes da reunião do Mercosul, no Rio de Janeiro, na semana que vem.
Macron elogiou Lula, a quem classificou como "visionário e corajoso", e disse que há muito alinhamento entre as visões do Brasil e da França, sobretudo em relação ao combate ao desmatamento, políticas para Amazônia, na área de Defesa, Economia e Cultura.
— E é justamente por isso, por isso mesmo, que sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é um acordo completamente contraditório com o que ele está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar, e está mal remendado — disse.
Em seguida, Macron citou outros acordos celebrados, como com o Canadá, a Nova Zelândia e o Chile:
— Não leva em conta a biodiversidade e o clima dentro dele. É um acordo comercial antiquado que desmantela tarifas. Nos últimos anos, esses acordos foram bastante aprimorados.
Macron visitará o Brasil no dia 27 de março de 2024. A confirmação foi feita por ele neste sábado, durante encontro bilateral com Lula. O Brasil tenta retomar a boa relação com a França após as rusgas entre os dois países durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Resposta
O presidente Lula rebateu as declarações do presidente da França, Emmanuel Macron:
— É um direito dele (Macron). Cada país tem um direito de ter uma posição. Eu acho que é um direito dele ser contra. O Macron sempre foi, a França sempre foi o país mais duro para fazer acordo porque a França é o mais protecionista. Não é a mesma posição da União Europeia, que pensa outra coisa.
Mais cedo, durante discurso de Lula em reunião do G77+China, grupo que reúne países desenvolvidos, o presidente criticou barreiras protecionistas, o que classificou como hipocrisia.
— Barreiras protecionistas e medidas unilaterais impostas por países ricos sob o pretexto da sustentabilidade desnudam a hipocrisia da retórica do livre comércio. Os custos das transições do mundo desenvolvido estão sendo transferidos para o Sul Global. Nós, que já somos os mais afetados pela mudança do clima, estamos sendo duplamente punidos — disse o presidente.