A coluna esteve na Bahia, em outubro, acompanhando o lançamento da pedra fundamental da primeira fábrica de veículos elétricos do Brasil, da chinesa BYD. Na quarta-feira (13), a vice-presidente global da companhia, Stella Li, esteve em Porto Alegre para conhecer a revenda da marca na Zona Norte, parte do grupo Iesa. Marco Nahas, proprietário do grupo de varejo, confidenciou à coluna que vem "aprendendo em ritmo alucinante" com a velocidade e a objetividade da empresa. Em novembro, faltaram apenas 3 mil unidades para que a BYD ultrapassasse a Tesla como maior vendedora de veículos elétricos do mundo. Em entrevista exclusiva à coluna, Stella falou a relação entre a evolução do mercado de veículos elétricos no Brasil e os planos de investimento da BYD no Brasil. Em fevereiro, deve começar a produção efetiva dos modelos Dolphin e Song Plus em Camaçari. Para 2024, a BYD planeja trazer ao país picapes elétricas. Quando o mercado de veículos elétricos deslanchar, a chinesa planeja fabricar baterias na Bahia.
Por que você tem viajado tanto pelo Brasil?
Primeiro, queremos ter certeza que a operação nas lojas está sendo bem feita, dando aos clientes o melhor serviço possível. Também queremos apresentar a BYD, conhecer as redes e saber o que podemos melhorar. É importante conhecer esses mercados, entender suas demandas, e também como desenvolver os produtos aqui. Além disso, precisamos entender nossos clientes e nossos parceiros, suas questões, ouvir seus feedbacks, e melhorar o que for possível. Assim, podemos continuar evoluindo esse processo, desenvolver os produtos futuros, e atender às necessidades do mercado brasileiro.
A lenta evolução do mercado de veículos elétricos no Brasil é uma preocupação para a BYD?
Na verdade, não é uma preocupação. No Brasil, a penetração dos veículos elétricos em novembro chegou a 3,6%. Antes da entrada da BYD, o número era menor talvez do que 0,01%. É encorajador. Com a nossa tecnologia, inovação e qualidade, o consumidor vai aceitar pagar pelo produto. Além disso, a BYD tem PHEVs (veículos híbridos recarregáveis plug-in), que aumentam o alcance. Com bateria, e também com tanque de gasolina, é possível dirigir mais de mil quilômetros.
Para comparação, qual é a penetração de veículos elétricos na China?
Na China, os números de outubro e novembro passaram de 30% e, em novembro, aproximaram-se de 40%. Então, observamos essa curva. Precisa de muito trabalho para ir de zero a 10%. Então, começa a acelerar do 10% para 20%. No mercado brasileiro, esperamos replicar essa história.
No Brasil, há grande preocupação com baterias, que estão na origem da BYD. Seria uma vantagem competitiva?
Certamente, baterias são nossa principal tecnologia. Temos cerca de 90 mil engenheiros para pesquisa e desenvolvimento, que são 10% dos nossos empregados. Apenas para segurança das baterias, temos mais de mil engenheiros com dedicação exclusiva. Muitas empresas têm mil engenheiros para pesquisa e desenvolvimento ao total, mas a BYD tem esse número apenas para segurança das baterias. Então, as baterias são o nosso "core", o nosso coração, a BYD é expert porque originalmente éramos uma fabricante de baterias. Usamos baterias LFP (que usam fosfato de ferro e lítio como material de cátodo (eletrodo negativo), mais seguras e com maior vida útil.
Como está o plano para produzir baterias no Brasil?
Vamos começar a montar os veículos e os principais componentes aqui (o início da produção em Camaçari está previsto para fevereiro. Isso vai nos manter bem ocupados nos próximos três a cinco anos. A partir disso, se entendermos que o mercado é grande o bastante, e vamos considerar produzir baterias aqui.
Isso significa que podem passar a produzir baterias em até cinco anos?
Não, o mercado de elétricos aqui ainda precisa crescer. Se chegar a 30%, então definitivamente teremos de produzir baterias aqui.
* Colaborou Mathias Boni