Nesta terça-feira (25), Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD (pronuncia-se "biuaidí") Brasil, oficializa a abertura da primeira revenda da marca de carros elétricos em Porto Alegre. A sigla de empresa vem de "build your dreams" (construa seus sonhos), fundada em fevereiro de 1995 por Wang Chuanfu em Shenzhen, na província de Guangdong, na China. Segundo Antunes, mesmo sendo uma empresa essencialmente inovadora, a BYD decidiu ser conservadora na expansão de suas unidades de negócio no Brasil, por seguir o modelo comandado por concessionárias. Com exceção de São Paulo, nos demais Estados a chinesa optou por estrear sempre associadas a grupos locais, no caso do Rio Grande do Sul, a Iesa. O executivo adiantou que já estão previstas aberturas de unidades BYD em Caxias do Sul e Passo Fundo no início de 2023.
Essa é a primeira revenda no Estado, é a primeira no Sul?
A loja já está funcionando, vamos fazer a inauguração oficial. A primeira no Sul foi em Curitiba (PR), foi a terceira do Brasil. E na quinta-feira (27), vamos abrir a primeira em Santa Catarina, em Itajaí, porque foi o prédio que ficou pronto primeiro. No Rio Grande do Sul, temos no radar Caxias do Sul e Passo Fundo, provavelmente no início de 2023, sempre com a Iesa. Essa é nossa estratégia de desenvolvimento de rede, associar nossa marca a um grupo local com experiência do mercado, que responde por todo o Estado. Agora, a Iesa é BYD no Rio Grande do Sul.
Quais carros serão vendidos?
Temos dois 100% elétricos, o Tan (SUV) e o Han (sedã), o SUV híbrido (combina eletrificação e combustão) Song Plus e outros dois para o mercado corporativo, as minivans D1 e T3. Até o final do ano, ainda serão lançados o SUV Yuan Plus, os sedãs Seal e o Dolphin.
A Song Plus, só (entregamos) em fevereiro, porque lotou o pré-venda de dezembro e de janeiro. Então, para quem comprar agora, recebe em fevereiro.
E como está o prazo de entrega?
O Tan e o Han, entregamos em 15 dias. A Song Plus, só em fevereiro, porque lotou o pré-venda de dezembro e de janeiro. Então, para quem comprar agora, recebe em fevereiro.
Quantas revendas a BYD já tem no Brasil?
Temos 11, com a de Porto Alegre, já inauguradas, e outras 31 praças com concessionários nomeados. Esse trabalho começou em março de 2021, quando a companhia tomou a decisão de que iria começar a atuar mercado B2C no Brasil. Desenvolvemos um plano de negócios e em maio começamos a entrevistar grupos de negócios. Em dezembro passado fechamos com o primeiro, o Eurobike, para São Paulo. Como os grupos que estão se associando conhecem bem a região, a implantação fica bem rápida.
Há uma meta para o tamanho da rede?
Neste ano, queremos fechar com 45 revendas nomeadas, e para 2023, estamos prevendo cem. A velocidade de implantação vai depender do estágio do imóvel. Alguns abre em 60 dias, outros levam nove meses. Os primeiros 45 pontos já dão cobertura de 70% do mercado.
Como chines é mais rápido, dependendo das vendas de 2023, a partir de 2024 já devemos estar nos mexendo para produção local. A receptividade do mercado para nossos produtos nos deixa bem confiantes.
Há planos para produção no Brasil?
Sim, existem. O gatilho para a produção local é a demanda consolidada. A BYD já tem três fábricas no Brasil, uma de chassis de ônibus elétricos, outra de painéis fotovoltaicos, a maior do Brasil, e outra de bateria de ônibus. Como chines é mais rápido, dependendo das vendas de 2023, a partir de 2024 já devemos estar nos mexendo para produção local. A receptividade do mercado para nossos produtos nos deixa bem confiantes.
Quais os obstáculos e as oportunidades do Brasil para os carros da BYD?
No segmento premium, que miramos no Brasil, já existem valores equivalentes entre elétricos, híbridos e os carros a combustão. O maior desafio é estar conectado à cultura das pessoas. Na rede de abastecimento, ainda há lacunas, mas é possível se movimentar. Ando de carro elétrico há alguns anos e existem alguns gargalos, em alguns postos há fila para recarga. Mas 80% do uso pode ser resolvido com carregador em casa. A média da autonomia já está em 400 quilômetros (distância que os elétricos percorrem sem necessidade de recarga).
Ainda tem um degrau no Brasil que também se deve à falta de capacidade financeira. Há disparidade do poder de compra.
Os modelos básicos não estão ainda muito caros?
Existe uma dificuldade com carros de entrada, devido a uma oferta ainda reduzida. O gap de preços ainda é alto, um carro de entrada a combustão sai por R$ 70 mil, um elétrico de entrada vai a R$ 150 mil. Esse é um grande desafio, ainda tem uma curva de aceleração mais lenta. Precisa de volume de produção para se viabilizar. Um carro urbano de entrada poderia ter autonomia de 100 quilômetros, o que baixaria o preço. Os produtos que vendem no Brasil têm desenvolvimento internacional. Conforme o mercado vai ficando mais maduro lá fora, abre espaço para veículos elétricos populares.
No Exterior existem carros elétricos populares há anos, é mesmo problema de oferta?Ainda tem um degrau no Brasil que também se deve à falta de capacidade financeira. Uma coisa é um carro custar R$ 70 mil com renda de R$ 1 mil, outra coisa é com renda maior, de pelo menos R$ 5 mil. Há disparidade do poder de compra. Aqui, um carro custa cinco anos de trabalho de uma pessoa que ganha o salário mínimo.