Até para os especialistas foi uma surpresa que o Censo Demográfico 2022 tenha apontado população de 203,1 milhões de pessoas no Brasil.
As estimativas menos otimistas apontavam para 209 milhões, e o próprio IBGE, responsável pelo Censo, usava estimativa de 214 milhões na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), responsável pelos principais indicadores socioeconômicos do país.
É com base na Pnad, por exemplo, que se faz o cálculo da renda per capita, que equivale à massa de rendimentos dividida pela estimativa da população vigente até então. Agora que o denominador (valor pelo qual determinado número é dividido) diminuiu, significa que os brasileiros estão "mais ricos", já que a renda per capita ficaria maior?
Nem na pergunta a coluna ousou usar a expressão "Brasil mais rico" sem aspas. Porque, sim, em tese, o resultado da divisão por uma população menor vai fazer a renda per capita subir alguns dígitos. Afinal, a massa de rendimentos passará a ser dividido por 11 milhões a menos - o que não é pouca coisa. Mas isso definitivamente não quer dizer, objetivamente, que os brasileiros fiquem mais ricos, sem aspas.
Mais direta ainda será a conta do PIB per capita, que também tem o valor das riquezas produzidas durante um ano no país dividido pela população total. Então, na estatística, renda e PIB per capita, de fato, vão subir. Mas isso não significa que as condições de vida objetivas dos brasileiros serão diferentes.