No balanço de produção e vendas da Petrobras, um dado impressiona: em 2022, a estatal alcançou novo recorde anual na produção própria no pré-sal. Ao longo do ano anterior, a estatal produziu média de 1,97 milhão de barris de óleo equivalente por dia. Isso significou nada menos do que 73% da produção total da Petrobras.
Com a produção nessa província descoberta em 2007 crescendo, o recorde de 2022 representa salto de 83% em relação ao volume produzido em 2017.
No quarto trimestre de 2022, a produção no pré-sal representou um percentual ainda maior da produção total: 75%. A ampliação foi resultado da entrada em operação de novas plataformas e também do declínio de alguns campos do pós-sal. A queda no custo dessa extração - que logo depois da descoberta da nova província era um susto - também ajuda a melhorar a lucratividade da Petrobras.
A estatal não informa qual o custo atual de extração de um barril de petróleo do pré-sal. Um estudo feito a pedido da Federação Única dos Petroleiros (FUP) no início do ano passado estimou o valor em US$ 3,24. Para comparar, nesta quinta-feira (9), a cotação do barril de petróleo brent - referência por ser um óleo muito leve - era de US$ 84,17. O extraído no pré-sal não é tão leve, o que reduz sua precificação no mercado, mas ainda assim há um abismo entre os cifrões.
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. Detalhe: a forma de cálculo não é conhecida no mercado, por isso existe tanta diferença em projeções de diferença entre os preços internos e os de referência. O principal objetivo é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. Mas também é uma forma de tornar viável a importação de combustíveis por valores abaixo dos praticados lá fora. Isso é mais crítico no caso do diesel, porque 30% do consumo interno depende de importação. O que a Petrobras informa sobre o cálculo atual é que inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.