Com a cotação do petróleo tipo brent voltando a se aproximar dos US$ 100 e os valores do diesel no mercado internacional em recordes históricos de alta, a diferença entre os preços internos e externos voltou a subir intensamente nas últimas semanas.
Embora esteja alta em todos os cálculos, a defasagem varia muito entre um e outro, enquanto a Petrobras.
A média projetada pela Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), que havia chegado a 25% para o diesel em 31 de outubro, caiu para de 3% a 5% no cálculo divulgado na quinta-feira (3), com dados colhidos até quarta-feira (2). Para a gasolina, porém, vai de 10% a 13%. Conforme a associação, a conta usa como referência os valores de gasolina, óleo diesel, câmbio, RVO (obrigação de volume renovável, ou seja, no caso do Brasil, de biodiesel e etanol adicionados aos fósseis) e frete marítimo.
Conforme Décio Oddone, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), não existe um valor único de paridade, mas um conceito, que o alinhamento com valores internacionais:
— As possibilidades são infinitas. As cotações dependem do valor de compra na origem, do local, do tipo e da duração do contrato, se é spot (compra pontual) ou de longo prazo da capacidade de negociação, do custo de frete e seguros, das perdas e por aí vai.
Sobre essas variáveis, no Brasil ainda têm peso nessa conta o custo de desembarque e armazenamento no porto, do frete até a base onde o produto será repassado às distribuidoras. A Petrobras tem 36 dessas estruturas, e o modal de transporte — por duto, ferrovia, caminhão — também varia.
— Imaginando tudo o mais constante, e só considerando o frete, daria para ter o mesmo PPI em Uruguaiana, São Paulo, Manaus e Corumbá? — indaga Oddone.
Dada a quantidade de variáveis, a coluna quis saber qual é o nível de detalhamento que a Petrobras dá sobre o seu cálculo de Paridade de Preços de Importação (PPI, leia mais baixo). Oddone respondeu:
— Ninguém abre seus cálculos.
A política da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. A intenção é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. A fórmula inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, com preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como seguro contra perdas.