Enquanto a nova diretoria da Petrobras aguarda a aprovação do processo interno para assumir os cargos, a atual tem um bom problema para resolver: o mercado estima que há espaço para baixar os preços internos em mais de 10%.
Conforme a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) - aos quais menos interessa um preço interno mais baixo do que a referência - estima a diferença para cima no Brasil em 17%, no caso do diesel, e de 10% no da gasolina.
Conforme a Abicom, apesar da ligeira valorização do câmbio, os preços de referência da gasolina e do óleo diesel apresentaram redução no mercado internacional e, neste momento, "o cenário médio de preços está acima da paridade para gasolina e para o óleo diesel". Nas contas da entidade, o diesel suportaria um corte de R$ 0,68 por litro, em média, enquanto a gasolina poderia ser reduzida em R$ 0,29 por litro.
Como a coluna já relatou, o mercado não conhece em detalhes o cálculo da Petrobras para determinar com precisão a defasagem. Por isso, há bastante variação nas estimativas. A consultoria StoneX, por exemplo, estima o nível de excesso de preço no mercado doméstico em 16,8% para o diesel e de 11,6% para a gasolina.
O Centro Brasileiro de Infraestrutura e Energia (Cbie) avalia que o diesel da Petrobras está 14,1% acima da paridade, enquanto a gasolina poderia ser vendida 8,9% mais barata que ainda estaria em linha com o mercado internacional.
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. Detalhe: a forma de cálculo não é conhecida no mercado, por isso existe tanta diferença em projeções de diferença entre os preços internos e os de referência. O principal objetivo é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. Mas também é uma forma de tornar viável a importação de combustíveis por valores abaixo dos praticados lá fora. Isso é mais crítico no caso do diesel, porque 30% do consumo interno depende de importação. O que a Petrobras informa sobre o cálculo atual é que inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.