Com a diretoria da Petrobras em transição, a estatal optou por uma decisão cautelosa ao baixar o preço do diesel nas refinarias em 8,9%, depois que o mercado apontou que os preços nacionais estavam muito mais altos do que a referência internacional.
Em nota oficial na manhã desta terça-feira (7), a Petrobras comunicou que, a partir de quarta-feira (8), o preço médio de venda de diesel em suas refinarias passará de R$ 4,50 para R$ 4,10 por litro.
A estimativa atualizada até a véspera da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), no caso do diesel, era de um "excesso de preço" nas bases da Petrobras de R$ 0,60. Na segunda-feira (6), havia chamado a atenção que, além da Abicom, outras consultorias convergiram em apontar grande diferença - para mais - entre os preços internos e os de referência internacional.
Na sexta-feira (3), referência de entidades e consultorias para as estimativas de defasagem publicadas na segunda-feira (6), o barril de petróleo ainda estava abaixo de US$ 80. Nesta semana, a cotação do tipo brent acumula alta ao redor de 3%. Parte dessa alta se deve à paralisação de uma base de exportações de óleo na Turquia, com capacidade para 1 bilhão de barris ao dia, devido ao terremoto que abalou o país. Deve seguir fechada ao menos até a quarta-feira (8).
A subida no preço do barril fez com que, no caso da gasolina, a projeção de sobrepreço no Brasil tenha caído para cerca de 6%, o que tira pressão da Petrobras para reduzir também esse valor cobrado nas refinarias.
A política de preços da Petrobras
Para reajustar o preço nas refinarias, a Petrobras adota um cálculo chamado Paridade de Preços de Importação (PPI), adotado em 2016, no governo Temer. Detalhe: a forma de cálculo não é conhecida no mercado, por isso existe tanta diferença em projeções de diferença entre os preços internos e os de referência. O principal objetivo é evitar que a estatal acumule prejuízo com por não repassar aumentos de produtos que compra do Exterior, tanto petróleo cru quanto derivados, como a gasolina. Mas também é uma forma de tornar viável a importação de combustíveis por valores abaixo dos praticados lá fora. Isso é mais crítico no caso do diesel, porque 30% do consumo interno depende de importação. O que a Petrobras informa sobre o cálculo atual é que inclui quatro elementos: variação internacional do barril do petróleo — com base no tipo brent, que tem preço definido na bolsa de Londres —, cotação do dólar em reais, custos de transporte e uma margem definida pela companhia, que funciona como um seguro contra perdas.