O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Após o Tribunal de Contas da União (TCU) liberar o monotrilho que vai interligar a última estação do metrô de São Paulo (CPTM) ao Aeroporto de Guarulhos-SP, no início de 2022, os cronogramas da obra com DNA gaúcho no maior terminal de aviação do país foram retomados. Na madrugada de segunda-feira (27), uma imagem emblemática foi consolidada. Trata-se da fixação da primeira viga de sustentação do futuro aeromóvel (veja imagens) que circulará pelo local.
E essa não é uma estrutura qualquer. Cada uma das 123 peças necessárias pesa 90 tonelada, possui 30 metros de altura (algumas têm tamanho especial) e demanda processo de engenharia bastante complexo, pois permite a chamada tolerância de precisão (variação entre a dimensão máxima e a dimensão mínima) em apenas dois milímetros para contemplar a instalação do sistema de propulsão usado para movimentar os vagões.
Para isso, em março de 2022, uma fábrica de pré-moldados foi transferida para dentro do aeroporto de Guarulhos. Depois da primeira viga, existem outras 12 em espera. Com a produção, agora, realizada em escala, existe potencial para terminar uma nova haste a cada 24 horas, o que acelera os trâmites.
O projeto, batizado de People Mover, conta com investimentos de R$ 272 milhões. A previsão indicava o início das obras em janeiro do ano passado, mas uma medida cautelar, aprovada em setembro, dias após a assinatura do contrato, questionava se o modelo seria o mais viável para os objetivos.
A resposta, em razão da revogação do embargo, aparentemente, é sim. A ideia é conectar o maior aeroporto do país ao sistema ferroviário de São Paulo. Para facilitar a vida de quem utiliza os três terminais do aeroporto, serão colocados em atividade 3,7 quilômetros de trajeto em aeromóvel até a última estação da CPTM, antes de Guarulhos. De lá, é possível acessar a região central de São Paulo com as linhas do metrô convencional.
Toda a tecnologia é genuinamente gaúcha, desenvolvida pela Aerom, criada por Oskar Coester, da Aeromóvel Brasil. A empresa é mesma responsável pela implantação de modelo similar no Salgado Filho, em Porto Alegre.
O CEO da Aeromóvel Brasil, Marcus Coester, lembra que a cadeia de produção do Rio Grande do Sul está presente e empresta o sotaque em todas as áreas do empreendimento. Isso acontece porque a Marcopolo, de Caxias do Sul, entra com os Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), assim como a vizinha Randon, com o fornecimento de material de rodagem, a Metal Work, de São Leopoldo, oferece o sistema pneumático e Pandrol, de Cachoeirinha, na etapa de fixação dos trilhos.
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