O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
A jovem gaúcha, Alyssa Bruscato, de 24 anos, ganhou mais uma batalha para barrar o aumento de capital pretendido pela rede de livrarias Saraiva na tentativa de cobrir operações da recuperação judicial que enfrenta desde R$ 2018, em razão de R$ 674 milhões em dívidas.
Na tarde desta sexta-feira (24) uma decisão do juiz do processo estipulou prazo de 48 horas para que sejam apresentados documentos questionados por Alyssa – a segunda maior acionista com 15,3% dos papéis da companhia. A movimentação da gaúcha já motivou (por determinação da Comissão de Valores Mobiliário) a suspensão de assembleia geral extraordinária, em 10 de janeiro e uma decisão judicial que barrou a nova tentativa da empresa no dia 31 passado.
O imbróglio foi antecipado pela coluna em janeiro. Envolve o contrato para o pagamento de cerca de R$ 30 milhões em créditos à KR Capital. Um dos problemas, aponta o advogado de Alyssa, Marcelo Martin, é que essa empresa é a responsável pela gestão interina durante a recuperação judicial, mas possui entre os associados o CEO da própria Saraiva, Marcos Guedes.
Na prática, a KR ficaria com R$ 25 milhões em créditos – R$ 5 milhões em dinheiro e o restante em ações. A empresa diz ter transferido os créditos a um Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FDIC), o que na capitalização desses ativos representaria 30% de participação na Saraiva.
Além disso, informa o advogado, a KR teria capital avaliado em R$ 265 mil, o que el considera insuficiente para o tamanho da operação (R$ 30 milhões). Até esta sexta, a rede de livrarias se negava a aprestar as bases do acordo com a KR e com o FDIC.
– Essa relação é próxima de um conflito de interesses, pois ainda que indiretamente, o CEO receberia créditos vultosos da companhia – sustenta.
Na decisão, o juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, conclui que as informações questionadas por Alyssa são de interesse dos demais acionistas minoritários e credores e considerou que eles “têm o direito de saber de forma precisa a origem e a composição do crédito da KR, todos os contratos mencionados na manifestação e as atas de reunião do Conselho de Administração”, em 48 horas. Alyssa comprou ações papéis por acreditar na recuperação da empresa, mas, agora, discorda dos encaminhamentos da diretoria-executiva da empresa.