O rescaldo da barbárie - na reconstrução e na punição aos responsáveis - continua, mas o clima no mercado é de "vida que segue". Nesta terça-feira (10), a certa cautela que ainda havia dominado investidores e especuladores no dia seguinte ao ataque à democracia cedeu lugar à expectativa com o pacote econômico em preparação no Ministério da Fazenda.
Aliás, "pacote", não. "Plano de voo", como chama o ministro Fernando Haddad. O curioso é que a bolsa subiu no boato, o que significa alguma expectativa positiva sobre o conjunto de medidas. O dólar caiu 1,06%, para R$ 5,202, enquanto o Ibovespa teve alta de 1,55%, com alguma ajuda do Exterior (alta de 0,5% em Nova York).
A bolsa havia aberto em baixa, por preocupações relacionadas com a alta do juro nos Estados Unidos e com a inflação no Brasil, que fechou 2022 em 5,79%. À tarde, virou e acelerou a alta com expectativas em relação a movimentações na Esplanada dos Ministérios. Haddad se reuniu com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e os dois tinham audiências previstas com a Casa Civil e com Lula.
Na semana passada, Haddad havia afirmado que seu "plano de voo" estaria pronto em poucos dias, para ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois dos ataques de domingo, havia possibilidade de que esses anúncios fossem adiados. No entanto, o governo também está empenhado na agenda "vida que segue".
No mercado, a grande expectativa é de novos sinais sobre o novo arcabouço fiscal - o substituto do teto de gastos - e de medidas para reduzir o déficit primário previsto no orçamento deste ano, de R$ 231,5 bilhões. Conforme o secretário-executivo do ministério, Gabriel Galípolo, a equipe econômica não "vai aceitar" esse rombo. Entre as medidas esperadas, há cortes de gastos, reestimativa da receita e corte de subsídios - que podem afetar empresas ou setores.