Ainda antes da espetacular bicicleta de Richarlison ser acionada por Vini Jr., o mercado já tratava de encontrar motivos para comemorar outra dobradinha. A especulação de que o comando da economia fique com Fernando Haddad e Pérsio Arida fez a bolsa, que já vinha em alta, subir de 110 mil pontos às 11h30min para 112 mil às 12h.
No final da tarde, o Ibovespa fechou com alta de 2,75%, enquanto o dólar encerrou o dia em baixa de 1,2%, para R$ 5,31. No caso da dobradinha mercadeira, a festa é mais para o segundo do que para o primeiro, embora não se tenha qualquer segurança dessa escalação.
Até os juros futuros, que haviam sido pressionados por temor de que a PEC da Transição eleve em excesso o endividamento do governo federal, recuaram. Esse é um indicador importante porque sobe com a desconfiança de que a dívida aumente e os investidores cobrem mais caro para financiar o governo brasileiro. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 14,6% para 14,3%.
O resultado do IPCA-15, que tem o mesmo cálculo do indicador oficial, só com período de coleta antecipado, também ajudou, por ter vindo com alta de 0,53%, ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, de 0,55%.
Haddad não estava entre os mais cotados para a área, mas seu nome se consolidou como forte integrante do próximo governo na viagem do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Egito e a Portugal. Também ajudou, já que o mercado financeiro quer uma definição de quem vai conduzir a economia - para saber como será essa gestão -, uma declaração do senador Jaques Wagner (PT-BA), que se uniu nesta quinta-feira (24) à equipe de transição para tentar destravar a negociação da PEC da "licença para gastar".
Ao ser perguntado sobre a falta de uma articulação política mais forte do governo eleito, o petista que também é cotado para o futuro governo afirmou que "falta, por enquanto, um ministro da Fazenda". Disse, ainda, que, na sua opinião, ter um nome indicado à pasta "facilita", mas lembrou que é Lula quem decide. Não há garantias, inclusive, que Arida aceite participar do governo, mas como a coluna já observou, sua mais recente manifestação pública já teve ares de pronunciamento de autoridade.
Atualização: em mais um sinal de empoderamento de Haddad na área econômica, o ex-prefeito de São Paulo vai representar Lula no Almoço Anual de Dirigentes de Bancos, que terá apresentação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.