Pequeno império gastronômico de Porto Alegre - por enquanto -, o Grupo Press nasceu da frustração da publicitária Carla Tellini com os cafés servidos na capital gaúcha. Do início da formação de baristas à rede que inclui Press Bar, Bah, Press Café, Presstisserie, Ô Xiss, Pê Éfe do Xiss e A Cantina do Press, muita coisa foi feita. Agora, a inquieta Carla, cujo cargo no grupo é CEO e "líder criativa", planeja robôs na cozinha, que define como uma iniciativa inédita no Brasil. Além disso, expande sua operação mais doce, a Presstisserie, para a Rua Dinarte Ribeiro e, para a virada do ano, prevê venda de seus doces em supermercados. Menos o mais famoso, o mil folhas, porque a crocância não resistiria à logística. A menos, claro, que a inteligência artificial que quer ajudar a desenvolver encontre a fórmula da crocância duradoura.
Quais são seus planos na área de automação?
Estamos criando um braço do Press que vai investir em projetos de robótica e de inteligência artificial para restaurantes. Algumas raras indústrias estão avançando para essas alternativas no mundo. Quando se fala em inteligência artificial, um dos aspectos mais interessantes é que é preciso ensinar as máquinas a pensar. Temos um parceiro associado, buscamos investidores e desenvolvedores. É uma iniciativa inédita no Brasil.
Qual o papel do Press?
Vamos atuar como laboratório, sugerir o que desenvolver e permitir o uso das nossas estruturas. É aí que a gente se encaixa. Em um primeiro momento, estamos buscando parceiros e investidores de startups que queiram desenvolver projetos nessa área. Já identificamos uma série de investidores interessados. Vamos avançar para a criação de fundo e usar nosso conhecimento para a seleção de startups, testagem e melhoramento. É importante ter uma cozinha real para testar, ver se funciona. Se não, cria um produto ideal que pode não funcionar na vida real. Aí tem o risco de lançar produto, alguém comprar e não funcionar na prática.
Até máquinas usadas na indústria automobilística, que tem muita robótica, pode ser adaptada para uso nas cozinhas, para fazer coisas simples, como um braço que de move em determinado ritmo.
Quais seriam os potenciais parceiros?
Como temos muito interesse em robótica, seria interessante ter indústrias metalmecânicas associadas, até porque temos um grande polo no Estado. Até máquinas usadas na indústria automobilística, que tem muita robótica, pode ser adaptada para uso nas cozinhas, para fazer coisas simples, como um braço que se move em determinado ritmo. Já existe muita tecnologia nas cozinhas, como fornos combinados, mas nunca se pensou que talvez possam fazer algo que venha antes do forno.
Que tipo de robôs seriam viáveis na cozinha?
Uma das ideias é criar uma fritadeira inteligente, para substituir o operador em uma função repetitiva e pesada. Aí libera o profissional para assumir uma tarefa mais importante na cozinha. E há outras possibilidades a explorar, como câmeras de monitoramento para ajudar a controlar a segurança alimentar, focada em condições de higiene. Outra que já existe, mas ainda depende do olho do grelhador, são câmeras que "enxergam" o ponto da carne e avisam quando tem de virar. Outra possibilidade seria monitorar desperdício de alimento.
Reservarmos R$ 1 milhão do Press para isso. A partir do lançamento dessa ideia e desse valor, receberemos projetos para análise.
O Press já definiu um investimento?
Temos definido um valor inicial, relativamente pequeno, mas que já pode fazer coisas interessantes. Reservarmos R$ 1 milhão do Press para isso. A partir do lançamento dessa ideia e desse valor, receberemos projetos para análise. Vamos focar primeiro em um projeto, até para entender e organizar o processo. Quando entrarem mais investidores, vamos evoluir para uma estrutura mais organizada.
Que outros projetos o Press desenvolve?
Vamos abrir uma segunda Presstisserie na Casa Prado, na Rua Dinarte Ribeiro. Estamos prevendo começar a operar até o dia 21. Vai ter todo o nosso mix em uma área mais compacta, com um parklet grande na rua com trepadeiras, bem bonito. Além de um espaço que não tinha ocupação, assumimos duas lojas lá dentro, instalamos uma porta que se recolhe e fica toda aberta, então virou uma operação independente da galeria. E vai ter toldo elétrico na calçada para dias de chuva.
Os doces são um negócio à parte no Press?
Estamos produzindo bastante, fizemos uma fábrica no 4º Distrito e temos uma quantidade gigante, que vai nos permitir dar mais um passo: lançar nossos doces para venda no varejo, inclusive em supermercados. Claro, não vai ser possível vender mil folhas (risos), para isso os clientes vão ter de continuar indo aos nossos restaurantes, mas teremos torta holandesa, duo latte, sobremesas que fazem sucesso há 18 anos. A vocação do Press é ser incubadora de marcas de sucesso, que tenham voo próprio. Investimos na fábrica sabendo que havia espaço no mercado.
Quando vai ser possível comprar doces no supermercado?
Estamos mirando na virada do ano, ainda há ajustes para fazer.