A palavra Amazônia, no Brasil e no Exterior, passou a ser ouvida e lida com preocupação desde que queimadas e dados de desmatamento voltaram a crescer. Esta segunda-feira é Dia da Amazônia, criado em 2007 com base na data em que o imperador Dom Pedro II criou a província do Amazonas: 5 de setembro de 1850.
Além de frear queimadas e corte de árvores, o verde amazônico precisa ser símbolo de esperança. Por isso, uma campanha nacional, chamada Amazônia Mãe do Brasil, quer que a marca saia do calendário para ganhar atenção e providências.
O apelo do movimento, organizado por uma dezena de entidades, é manter a floresta em pé, ou seja, desenvolver a região por meio da chamada bioeconomia, para que um dos ecossistemas mais ricos do planeta não seja abalado e continue a funcionar como regulador climático do país - inclusive do risco de estiagem no Rio Grande do Sul - e do subcontinente. Assim como se valoriza a indústria 4.0, a intenção é dar visibilidade à Amazônia 4.0.
Bioeconomia é um conceito nem tão novo, mas ainda pouco difundido, que define a produção com alta tecnologia e origem em recursos naturais. Entre os focos, estão biofármacos, biocombustíveis e biodegradáveis. A produção se guia pelo uso racional dos recursos e pela substituição de atividades poluentes por origem limpa.
A tecnologia já se mobiliza no socorro: a climate tech (startup focada em temas de mudança climática) brCarbon lançou o desafio, nesta segunda-feira (5), de multiplicar por 10 a área preservada da Amazônia até 2025, de 150 mil para 1,5 milhão de hectares. A empresa tem planos para os nove estados da Amazônia Legal. Na base do trabalho, estão os indicadores do desafio: média de quase 1,5 milhão de árvores da região derrubadas por dia neste ano, o que significa 1.026 árvores perdidas por minuto. Mil e vinte e seis árvores no chão POR MINUTO.
O foco da brCarbon são os projetos chamados REDD+ (sigla de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), que geram créditos de carbono a partir da conservação de vegetação nativa. Pelo Código Florestal Brasileiro, proprietários de terras na Amazônia Legal devem conservar 80% da cobertura florestal e 35% das áreas de cerrado. Áreas com percentual superior podem ser usadas para pecuária ou projetos agrícolas, mediante autorização. A startup busca proprietários de terras que abram mão do direito de desmatar legalmente e usem o mercado voluntário de carbono para se remunerar.
Há outras iniciativas que, como havia mencionado à coluna o climatologista Carlos Nobre, buscam investidores para financiar unidades produtivas com tecnologia avançada em regiões rurais e urbanas na Amazônia. Com foco em produtos de alto valor agregado, a partir da extração sem destruição da floresta, a promessa é dar retorno a investidores e estimular a economia local.
Lentamente, os resultados desse trabalho começam a aparecer na forma de chocolates, cosméticos, objetos de decoração e até bijuterias a base de látex extraído de seringueiras. Certo, mas como os gaúchos, tão interessados em preservar seu pampa quanto em manter a floresta tropical, podem fazer sua parte para haver mais motivos para comemorar o Dia da Amazônia? Já existem vários marketplaces (shoppings virtuais) especializados nos produtos amazônicos (clique no link para ver cada um):