Os dados sobre desmatamento costumam ser difíceis de apreender, por mais que se tente explicar comparando com áreas de cidades ou até de países.
Por isso, a coluna chama atenção a um dado que torna mais compreensível o tamanho do problema: conforme o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a floresta por imagens de satélite desde 2008, só nos primeiros cinco meses do ano sumiram árvores de área equivalente a 2 mil campos de futebol. Por dia.
Conforme a Imazon, é a maior devastação dos últimos 15 anos para o período. Nos 151 dias de janeiro a maio, foram derrubados 3.360 quilômetros quadrados. Isso significa 3,36 bilhões de metros quadrados, três vezes mais do que a área de Belém do Pará. Dividido por dia e também pela área máxima de um campo de futebol (10 mil m²), o resultado equivale a 2,2 mil campos de futebol de mata nativa ao dia.
Somente em maio, foram desmatados 1.476 km², quase a metade (44%) do acumulado no ano. Em comparação com maio de 2021, a devastação cresceu 31%. Para além do cenário atual de desproteção da floresta, o coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza Jr., alerta para o risco de novos recordes nos próximos meses, porque maio foi apenas o primeiro mês do período de seca na região. Ainda há todo o chamado "verão amazônico" pela frente, que se encerra entre setembro e outubro.
Dos nove Estados que compõem a Amazônia Legal, o que mais perdeu floresta em maio foi o Amazonas, onde o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados. O monitoramento do Imazon detectou 553 km² de floresta destruídos em solo amazonense, 38% de toda a região. O dado representa aumento de 109% em relação ao desmatamento identificado no Estado em maio do ano passado.
Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon, afirma que há necessidade de adoção de "ações estratégicas" para impedir que a destruição siga avançando e aumente a violência nessa região. O segundo Estado que mais desmatou a Amazônia em maio foi o Pará, com 471 km². Mato Grosso, que ficou por quatro meses consecutivos como Estado que mais desmatou na Amazônia Legal, ocupou a terceira posição em maio, com 196 km². Rondônia ficou em quarto, com 178 km².
* Colaborou Mathias Boni