Um pibinho depois do pibão mais-do-que-chinês de 2021 já era esperado, mas a atividade econômica no Rio Grande do Sul no primeiro trimestre veio pior do que se previa.
A gravidade do tombo de 3,8% de janeiro a março em relação ao período de outubro a dezembro de 2021 decorre do fato de que o grande impacto da estiagem na economia gaúcha se concentrará no segundo trimestre de 2022, quando ocorre a colheita da soja, neste ano duramente afetada pela falta de chuva, como detalhou a colega Gisele Loeblein.
Mas além de a agropecuária já ter sentido o efeito da estiagem, com tombo de 28,1% em relação ao último trimestre de 2021, houve tropeço também na indústria, que recuou 1,4%. O pequeno avanço de 0,3% no setor de serviços — que inclui o comércio, com queda de 2% — não foi suficiente para deixar o primeiro PIB do ano em território positivo, como ocorreu no resultado nacional, de crescimento de 1% na mesma base de comparação.
Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o PIB gaúcho também caiu, e ainda mais, 4,7%, exatamente porque em 2021 o regime de chuva foi relativamente normal. Nessa comparação, a agropecuária afundou 41,1%. Na indústria, o problema não foi falta de chuva, mas os números altos do ano passado, que criaram uma base de comparação elevada.
Por isso, o setor como um todo teve baixa de 1,9% em relação aos três primeiros meses de 2021, com quedas mais fortes nos segmentos de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-7,6%) e na indústria de transformação (as fábricas propriamente ditas, com -3,7%). Mas a construção manteve crescimento de 8,4% de janeiro a março ante igual período do ano anterior.
Conforme Vanessa Sulzbach, coordenadora da Divisão de Análise Econômica do DEE, com 100% de chance, os efeitos também vão aparecer nos dados do segundo trimestre. O secretário de Planejamento, Governança e Gestão, Claudio Gastal, completou que a queda no segundo trimestre deve ser maior, exatamente porque é o período de colheita.