Economia

Economia em queda
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PIB gaúcho cai 3,8% no primeiro trimestre de 2022 

Desempenho negativo foi puxado pela estiagem e por redução na atividade industrial

Rafael Vigna

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Como já era esperado, depois da estiagem que castigou o Rio Grande do Sul em 2021,  O Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho caiu 3,8% no primeiro trimestre de 2022 na comparação com os últimos três meses de 2021. A retração da economia gaúcha foi puxada pelas baixas observadas na Agropecuária (-28,1%) e na Indústria (-1,4%), enquanto os Serviços avançaram em 0,3%. 

No Brasil, o PIB apresentou alta de 1% no primeiro trimestre na mesma base de comparação.  Quando a base de comparação é o mesmo trimestre do ano passado, o PIB do RS também registrou queda, de 4,7%, enquanto no país a alta no período foi de 1,7%.  

Os resultados foram divulgados em videoconferência nesta terça-feira (21) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).  

Durante a apresentação dos dados, a pesquisadora e coordenadora da Divisão de Análise Econômica do DEE, Vanessa Sulzbach, destacou que os efeitos da quebra das safras ainda serão sentidos no segundo trimestre. Para se ter uma ideia, na comparação entre os primeiros três meses deste ano e do passado, o tombo da economia no campo foi de 41% e, para o RS, esse desempenho tem efeito cascata sobre os demais setores.  

Economista-chefe da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL/POA), Oscar Frank, reforça o peso do agronegócio no desempenho ao calcular que, mesmo que a variação no segmento fosse nula, a queda do PIB gaúcho ficaria na margem negativa de 1%:  

— Ou seja, o setor primário ajuda a explicar a produção do RS em 2022.  

Para Frank, a indústria segue afetada por uma conjuntura desfavorável, moldada por juros e inflação, mas também pela desorganização das cadeias de matérias-primas e suprimentos. Já os serviços, argumenta o economista, responderam às melhoras dos quadros sanitários e de mobilidade da população, em fevereiro e março, após o pior momento da variante ômicron da covid-19, em janeiro.


Efeito Agro 

Na comparação do primeiro trimestre de 2022 com o mesmo período do ano anterior todas as principais culturas agrícolas tiveram impacto negativo com a falta de chuvas: soja (-53,5%), milho (-31,1%), uva (-23,4%), fumo (-15,0%) e arroz (-10,6%).  Nesse contexto, o economista-chefe da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Antônio da Luz, afirma que o primeiro trimestre serve apenas como um “aperitivo” do que está por chegar.  

Segundo ele, 2022 será um ano “duro” para a economia gaúcha, que só deverá esboçar algum tipo de reação no segundo semestre, quando as safras de inverno poderão amenizar o desempenho: 

— A Farsul mantém a convicção de que o ano será duro para a economia gaúcha e a nossa perspectiva de PIB negativo na casa de 8% — comenta.  

Indústria

Na Indústria, cuja baixa foi de 1,9% na relação aos três primeiros meses de 2021, Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-7,6%) e Indústria de Transformação (-3,7%) somam os recuos mais representativos. O economista-chefe da Federação das Indústrias do RS (Fiergs), André Nunes, aponta que a materialização das quedas nas principais culturas agrícolas atinge todos os segmentos industriais, sobretudo, os mais ligados aos alimentos e à venda de veículos.

Além disso, Nunes destaca que o setor contava com uma base de comparação elevada. Isso, em razão do volume de produção registrado nos primeiros três meses do ano passado, em razão da leve retomada econômica proporcionada depois da fase mais duras das medidas restritivas contra a covid-19.  

— Dificilmente aquilo seria repetido. O destaque positivo, entretanto, foi a construção civil que colocou mais um trimestre consecutivo de crescimento e avanços, seja na infraestrutura ou nas novas edificações — argumenta.   

Serviços 

Nos serviços, a alta na comparação entre os primeiros trimestres de 2021 e 2022 foi de 3,7%. O peso negativo ficou por conta das atividades comerciais, com o comércio geral em queda de 0,4% e o de veículos de 20,7%, assim como materiais de construção (11,1%). Na contrabalança o destaque foram as altas verificadas em Transportes, armazenagem e correio (+9,3%) e Serviços de informação (+7,0%). 

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