Esclarecimento: o DEE revisou a projeção de "crescimento líquido" enviada à coluna de 4% para 2,9%, porque é o método mais usual de comparação. A projeção de 4% se refere ao nível de produção do quatro trimestre de 2021 com a média de 2019. O texto atual já está atualizado.
Quando foi conhecido o resultado do terceiro trimestre, ficou um cheirinho de crescimento de dois dígitos no ar. Nesta quarta-feira (16), o Departamento de Economia e Estatística do Estado (DEE) serviu o prato: o PIB do Rio Grande do Sul saltou 10,4% em 2021.
É bom lembrar que boa parte dessa alta é recuperação, porque a queda no PIB de 2020 havia sido de 6,8%, mas tem crescimento de verdade e visível a olho nu, diferentemente do microscópio saldo positivo do PIB nacional nos dois anos de pandemia.
Conforme cálculo feito a pedido da coluna por Vanessa Sulzbach, coordenadora da Divisão de Análise Econômica do DEE, o "crescimento líquido" do Estado nos dois anos de pandemia foi de 2,9%. Ou seja, o saldo entre o tombo de 2020 e a decolagem de 2021 é um crescimento positivo significativo.
Na apresentação, Vanessa destacou o fato de a economia gaúcha em 2021 ter obtido o maior aumento real (atualizado pela inflação) da série histórica iniciada em 2002. Isso fez o Estado registrar um dos maiores pesos no PIB nacional: 6,7%.
É um legítimo pibão, mesmo descontada a queda do ano anterior. Mas vem depois de um pibinho e, pelo que indicam as projeções de perdas na safra de verão, infelizmente será seguido por outro diminutivo. Pedro Zuanazzi, diretor do DEE, observou que o Estado teve duas secas seguidas, com um ano sem no meio, o que terá impacto na série histórica do PIB.
Como a produção agropecuária tem peso maior no Estado do que a média nacional, a ótima safra de 2020/2021 abriu caminho para esse resultado excepcional. Mas a quebra na colheita do período 2021/2022 vai comprometer a manutenção desse forte ritmo ao longo deste ano. O "efeito agro" é mais perceptível no PIB do segundo trimestre, quando entra a receita da venda de grãos de versão (arroz, milho e soja, principalmente).
Mas o perfil exportador da indústria gaúcha ajudou a manter resultados acima da média nacional ao longo do ano: no quarto trimestre, houve crescimento da economia gaúcha de 3,3% no RS ante o período anterior de três meses — país, o avanço foi de escasso 0,5% —, e de 5% em relação ao mesmo trimestre de 2020 — no país, 1,6%. Em todo 2021, a indústria gaúcha teve avanço de 9,7% ante 4,5% da média nacional do setor.
Nove dos 14 segmentos fabris que o DEE individualiza tiveram crescimentos de dois dígitos no acumulado de 2021: máquinas e equipamentos (35,5%), produtos de metal (19%), couros e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (16,5%), metalurgia (16,4%), produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (12,8%), móveis (12,5%), produtos químicos (10,6%) e produtos de minerais não metálicos (11,2%). Só dois tiveram resultado negativo: produtos do fumo (-4,4%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,4%).
A equipe que calcula o PIB gaúcho é formada por César Stallbaum Conceição, Martinho Lazzari, Vanessa N. Sulzbach e Vinícius Dias Fantinel.
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