Depois de um resultado quase inacreditável, um salto de 27,7% no segundo trimestre ante igual período do ano anterior, era esperada uma acomodação na variação do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul.
No terceiro trimestre deste ano, houve queda de 3,5% em relação ao trimestre anterior, o do "pibão" que foi resultado da base fraca de comparação. Mantido o padrão de comparação com o mesmo período do ano anterior, houve avanço de 4,2%, levando a dois dígitos o crescimento acumulado de janeiro a setembro, comparado com os nove primeiros meses de 2020: 12,2%.
Como a coluna havia mencionado sobre o trimestre anterior, é provável que nunca mais vejamos algo semelhante ao salto anterior de 27,7% — ou 5,5% ante o trimestre anterior —, o que é bom, porque marca o retorno a alguma normalidade. É bom lembrar que o segundo trimestre no Rio Grande do Sul costuma ser fora da curva sempre que há uma safra agrícola também acima ou abaixo da média.
Mas uma ótima safra, como a deste ano, deixa heranças além do campo, com aumento de 24,5% ante o mesmo trimestre de 2020 na produção de máquinas agrícolas. Nessa base de comparação, toda a indústria gaúcha avançou quase o dobro da média nacional: cresceu 11,8% desde janeiro, ante 6,5% em todo o Brasil.
Conforme Vanessa Sulzbach, coordenadora da Divisão de Análise Econômica do Departamento de Economia e Estatística (DEE), responsável pelo cálculo do PIB do RS, não foi só a agroindústria que teve bom desempenho no terceiro trimestre. O setor de couro e calçados também deu seu pulinho: 23,2%.
Diante da dúvida da coluna sobre a contribuição das exportações, a pesquisadora confirmou: o segmento de máquinas e equipamentos vendeu 59% mais ao Exterior de janeiro a novembro (além, portanto, do terceiro trimestre) deste ano ante mesmo período de 2020, e couro e calçados também embarcou 44,9% a mais. A "saída pelos portos" continua sendo uma aposta dos industriais gaúchos para 2022.