Em todas as comparações possíveis, as perdas causadas pela estiagem na safra de verão do Rio Grande do Sul impressionam. O volume total que o Estado irá colher, conforme a projeção da Emater apresentada nesta terça-feira (08) na Expodireto Cotrijal, é inferior ao que se colheu só de soja no ano passado. A falta de chuva encolheu em 41, 9% a expectativa de produção de grãos que se tinha no plantio, trazendo o pior resultado em uma década.
— Sei da gravidade da estiagem desse Estado. Nos últimos tempos, uma das mais graves. Precisamos, sim, da resposta do governo federal — pontuou a secretária estadual da Agricultura, Silvana Covatti.
Com a ponderação de que há municípios com realidades piores do que a da média apresentada e outros que se aproximam de uma safra normal, o diretor-técnico da Emater, Alencar Rugeri reforçou:
— É um ano de preocupação, porque o agricultor está perdendo muita produção.
Na soja, onde a estimativa aponta um recuo de 52,1% na produção em relação ao que se esperava colher, o volume perdido para o tempo seco chama a atenção: são 10,4 milhões de toneladas que ficaram para trás entre o plantio e a colheita. Para se ter uma ideia, essa quantidade equivale à de toda a produção do grão em 2010.
Outro ponto importante a ser considerado e que faz muitos classificarem esta como uma das piores estiagens da história é a evolução de área plantada e da produtividade (volume colhido por hectare). Naquele mesmo 2010 da comparação acima, as lavouras de soja somavam 4,02 milhões de hectares, 36% a menos do que no ciclo atual. A produtividade média era de 2.611 quilos por hectare. A esperada para este ano era de 3.151 quilos por hectare (seria 20% a mais), mas acabará ficando em 1.511 quilos por hectare.
As altas temperaturas registradas de forma combinada com a falta de chuva ajudaram a ampliar os prejuízos. E o resultado é uma estiagem que, na prática, a maioria chama de seca, mesmo que tecnicamente não seja. Para completar, a produção reduzida e os custos em alta tornam ainda mais difícil a equação das contas no campo, mas também na cidade. A agropecuária, vale lembrar, faz a economia do Estado girar.