A estiagem enfrentada pelo Rio Grande do Sul nesta safra entrará para a história como uma das mais severas. Com abrangência generalizada – 421 dos 487 municípios gaúchos decretaram situação de emergência. Nesse cenário, encontrar lavouras onde o resultado seja menos devastador é raro, mas não impossível. São pequenos bolsões de alento em meio aos prejuízos.
É o caso da região litorânea, onde a colheita deve ser menos impactada – segundo a Emater, as perdas têm sido menores do que 5% na soja e do que 25% no milho. Para efeito de comparação, no Estado, a redução está estimada em pelo menos 43% na soja e 54% no milho. De acordo com Alex Corrêa, assessor da diretoria técnica da Emater, a localização geográfica explica a diferença:
– A região possui lagoas e lençóis freáticos, o que facilita a irrigação, e morros, o que contribuiu para a formação de chuva orográfica (de relevo).
Corrêa ressalta que a chuva não foi na quantidade suficiente – a região tem um acúmulo de déficit hídrico pelo menos nos últimos três anos –, apenas mais próxima da média do que no resto do RS.
Nas lavouras dos agricultores Daniel e Rodrigo Bednarek, localizadas em Barão do Triunfo e Mariana Pimentel, é isso o que está ajudando a manter dentro da normalidade os 150 hectares de soja. A estimativa é de que se colha no mínimo 55 sacas por hectare – a média da safra passada foi 57 sacas por hectare.
– Não será o ano mais top de produção, mas também não ficará comprometido a ponto de acionarmos o seguro. Chegamos a atrasar quase um mês o plantio porque não chovia – conta Daniel.
Só que nada está garantido: precisa continuar chovendo, já que a fase é de enchimento de grãos
Alentadora, a situação na região não será suficiente para reverter o quadro do Estado pela representatividade – a área plantada com milho representa 4,3% do total e a com soja, 2,6%.
*Colaborou Carolina Pastl