Em 1966, o Rio Grande do Sul recebeu o primeiro grupo de imigrantes japoneses. Eram apenas 26 famílias, que saíram de um Japão ainda em dificuldades após a Segunda Guerra Mundial e enfrentaram uma viagem de navio de 50 dias para buscar vida nova em Ivoti. Chegando ao Estado, viviam da criação de animais e da agricultura, cultivando uva e introduzindo o kiwi, fruta não muito comum no Brasil até então. Para fortalecer sua atividade, fundaram uma cooperativa que funcionou oficialmente entre 1969 e 2010.
Em 2011, a mobilização da comunidade japonesa local, que continua com cerca de 30 famílias e 120 imigrantes ou descendentes diretos, fez surgir um memorial em Ivoti, mantido pela prefeitura da cidade, que conta a história da imigração e expõe a cultura japonesa ao público a apenas 55 quilômetros de Porto Alegre. É uma oportunidade de ter uma experiência poupando cerca de 18.945 quilômetros (a distância de Tóquio é de 19 mil quilômetros).
Nesse origami, há dobras na distância e no tempo. A administradora do memorial é Cristiane Hayashi, casada com André Hayashi, filho de uma das 26 primeiras famílias japonesas que chegaram a Ivoti.
— Parte do acervo foi doada pela Província de Shiga, que é "irmã" do Rio Grande do Sul, mas a maior parte vem os pertences das famílias que se instalaram aqui há quase 60 anos, como objetos de decoração, roupas, bonecas, espadas e máscaras, além de quadros explicando a história da imigração e da colonização — destaca Cristiane.
No espaço externo, há também um jardim japonês, com fonte, flores e objetos de decoração. No último domingo de cada mês, a comunidade também organiza, em frente ao memorial, uma feira cultural. Tem cerca de 25 expositores, que vendem artesanato e alimentos. Também ocorrem apresentações ou oficinas culturais.
— Entre as comidas, na feira tem sushi, temaki, yakisoba, guioza, tofu, peixe assado e outras típicas. Tem também frutas, como uva e kiwi, e legumes e verduras usadas na culinária japonesa, como inhame, nabo, cogumelos e bardana (planta que pode ser consumida in natura ou em chá). As apresentações também sempre chamam muito a atenção do público, pois misturam música, dança, artes marciais e outros elementos da cultura japonesa — detalha a administradora.
O memorial da colônia japonesa recebe atualmente cerca de três mil visitantes por mês. A feira chega a receber essa quantidade toda de pessoas ao longo de apenas um domingo.
— As pessoas se sentem como se estivessem no Japão, e conhecem muito da cultura de um outro país que é tão distante fisicamente, mas que pela história de deslocamento dos povos, acabou se aproximando muito do Brasil — reforça Cristiane.
Serviço: o memorial tem entrada gratuita e funciona de terça-feira a domingo das 8h às 17h. A feira ocorre em todos os últimos domingos de cada mês, das 9h às 17h.
Essa seção inclui experiências acumuladas ao longo da pandemia e sugestões de leitores. Quem quiser indicar pequenos negócios que se tornam grandes passeios pelas atrações que oferecem, podem mandar pelos e-mails marta.sfredo@zerohora.com.br e mathias.boni@zerohora.com.br, ou deixar aqui nos comentários.
* Colaborou Mathias Boni