Espremido entre a Cristóvão Colombo, a Plínio Brasil Milano e a Rua Marechal José Inácio da Silva, há um pedacinho do Japão na zona norte de Porto Alegre. A Praça Shiga tem um lago de água transparente, pés de camélia, de azaleia, de gardênia, de hortênsia e até mesmo uma pequena cascata.
- É um oásis no meio da cidade - define a empreendedora Juliana Zimmer Sampaio, 38 anos.
Juliana escolheu a charmosa ponte da Praça Shiga para tirar a foto que ilustrará uma postagem sobre sua trajetória de trabalho. Ela era das pessoas que passam pelo local no meio do trânsito frenético, e pensava: “Um dia tenho que conhecer”.
- Quando vim, me apaixonei - diz.
Inaugurada em 1983, a praça foi um presente da Província de Shiga, que fica a 500 quilômetros de Tóquio, capital do Japão. Na entrada, uma placa de pedra explica que ela foi oferecida em comemoração ao convênio de fraternidade assinado com o Rio Grande do Sul.
Uma comitiva de Shiga veio um ano antes a Porto Alegre e entregou o projeto do jardim, executado pelo paisagista japonês Kanroku Yosii, segundo informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (Smamus). O projeto foi adaptado às peculiaridades topográficas do terreno, e a vegetação escolhida foi a mais similar possível à existente no Japão, observando as condições climáticas do Rio Grande do Sul e a disponibilidade das espécies por aqui.
O material para execução do quiosque, bem como as lanternas, a torre de pedra japonesa e algumas plantas significativas foram trazidas do Japão.
O caminho por onde os visitantes passam é feito de pedras uniformes. É possível, inclusive, passar acima da pequena cascata, vendo a água correndo sob as pedras, debaixo dos seus pés. A praça é pequenininha, tem 3.860 m², e é cercada por edifícios e também pelas casas construídas nos anos 1950 na Vila IAPI. O barulho dos carros não te deixa esquecer que você está em uma região movimentada da Capital.
O espaço é escolhido por muita gente para sessões fotográficas. Além de Juliana, pelo menos duas formandas com suas famílias e uma gestante passaram pelo local com seus fotógrafos na tarde desta sexta-feira (11).
Antes disso, o espaço estava vazio, ocupado apenas pelo jardineiro pago pela prefeitura de Porto Alegre, Adilson Moura da Silveira, 53 anos. Ele, por uma borboleta amarela, pelo casal de tartarugas e seus filhote e alguns pássaros.
- Tem passarinho de tudo o que é cor, tem pomba... sabiá é o que mais tem. Esses dias, tinha um casal de quero-quero tomando banho ali - conta.
Silveira vai da Zona Sul à Zona Norte todos os dias, pega dois ônibus tanto na ida quanto na volta, mas diz que adora trabalhar ali. É ele mesmo quem abre e quem fecha a praça, que é cercada. A letra com o horário pendurada no portão - 8h30min às 16h30min - foi escrita à mão por ele. Ele recomenda a visita, garantindo que a jardinagem sempre vai estar impecável.
- É um relaxamento para quem está no estresse, no movimento. As pessoas chegam aqui, sentam, relaxam um pouco. Tem essa água correndo - comenta o jardineiro, que já trabalhou na Redenção e em um cemitério antes de começar na Shiga, há dois anos.