Uma agência de ecoturismo para gerar renda à comunidade local e ajudar a preservar a natureza e a cultura da região. Com essa proposta foi fundada em 2018 a Butiá Turismo, por Eliezer Munhoz, 29 anos, e Fernanda Pacheco, 42 anos, que foram colegas no curso de Gestão Ambiental da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) na cidade de Tapes.
Tapes, cerca de 100 quilômetros ao sul de Porto Alegre, é conhecida do público gaúcho por se localizar às margens da Lagoa dos Patos. O que muitos talvez ainda não saibam é que a cidade também possui a maior área de butiazeiros entre todos os municípios do Brasil, com mais de mil hectares de área com árvores deste fruto tão famoso no Estado.
— Aqui é a cidade com o maior butiazal do Brasil. Já foram realizados vários estudos pela Embrapa e pelas universidades da região, que ajudam a entender a história da planta. É uma formação natural, as árvores são nativas, não foram trazidas de fora. Hoje as mais antigas têm pouco mais de um século, mas essas plantas já estão na região há milhares de anos — destaca Eliezer, acrescentando que também há butiazeiros nativos em estados como Santa Catarina e Paraná, e países como Uruguai e Argentina.
Ainda durante o curso de Gestão Ambiental, ele e Fernanda tiveram a ideia de abrir a agência de ecoturismo, para contribuir com o desenvolvimento sustentável da região e para que cada vez mais pessoas conheçam também a relação de Tapes com o butiá.
Eliezer, que também é guia turístico na região, explica que a folha da palmeira do butiá era muito vendida pelos produtores locais no século passado para produzir crina vegetal, um material utilizado principalmente na confecção de colchões. Essa atividade gerou uma renda significativa para a região por muitos anos, inclusive com o funcionamento de uma fábrica no município.
— A folha mesmo que era mais vendida pra fora, a fruta nunca teve uma grande valorização comercial, mas sempre foi consumida na região. Nos últimos anos, houve um resgate do butiá como símbolo do Rio Grande do Sul, em razão de ser um fruto nativo da região e por causa daquele ditado de “cair os ‘butiá’ do bolso”, então o interesse na fruta e no butiazeiro tem crescido — afirma o empreendedor.
Foi nessa onda de valorização da fruta que surgiu a Butiá Turismo, agência do Eliezer e de sua sócia Fernanda. Os dois recebem os visitantes e passam pelos principais pontos turísticos de Tapes, como o mercado público, a praça central e a orla da Lagoa dos Patos. Depois, o passeio segue para a área rural do município, onde visitam algumas das fazendas com butiazeiros na região.
Os passeios podem acontecer em qualquer dia da semana, mas devem ser agendados previamente pelo site da agência. Nos roteiros mais longos, a visita também inclui almoço caseiro e café da tarde nas fazendas, onde, claro, também são servidos diversos produtos feitos com butiá, como a cuca, a geleia, o suco e a famosa cachaça. O preço do passeio completo fica cerca de R$ 100 por pessoa com a refeição, mas o valor pode variar de acordo com o tamanho do grupo e o roteiro escolhido.
— O butiá faz parte da história de Tapes e de todo o Rio Grande do Sul. O turismo sustentável, além de movimentar a economia local, ainda acaba preservando ao mesmo tempo a natureza e a cultura da região — conclui Eliezer.
Essa seção inclui experiências acumuladas ao longo da pandemia e sugestões de leitores. Quem quiser indicar pequenos negócios que se tornam grandes passeios pelas atrações que oferecem, podem mandar pelos e-mails marta.sfredo@zerohora.com.br e mathias.boni@zerohora.com.br, ou deixar aqui nos comentários.
* Colaborou Mathias Boni