No ano passado, a negociação das atividades da Laureate no Brasil envolveu duas instituições de Ensino Superior no Estado, UniRitter e Fadergs.
Depois de muitas reviravoltas, a Ânima Educacional arrematou o pacote, mas a Ser Educacional exigiu direito à compra em separado dessas duas unidades, além de outra no Rio de Janeiro. Só que os prazos se esgotaram e isso acabou não se confirmando.
Na quarta-feira (12), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a venda à Ânima, com a inclusão de todas as unidades, inclusive das gaúchas. E na noite de quinta-feira (13), a empresa liberou uma apresentação em que confirma sua entrada no Rio Grande do Sul por meio da UniRitter e da Fadergs.
Nesta sexta-feira (14), a Ânima vai detalhar o passo a passo da integração das atividades entre as escolas vendidas pela Laureate e as já existentes da compradora. O resultado será o quarto grupo em número de matrículas no Ensino Superior e o terceiro em receita líquida, projetada em R$ 3 bilhões.
Conforme esses dados, a nova estrutura terá 332 mil alunos, 77% e cursos presenciais e 13% no EAD. Um dos destaques já antecipados é o da redução no endividamento da Laureate nesse período, de R$ 623,3 milhões para R$ 401,1 milhões. Até onde a coluna consegue enxergar, essa é a reviravolta final. Mas dadas as antecedentes, já não será surpreendida se houver outra.
Quem é a Ânima: tem cerca de 136 mil estudantes matriculados em cursos presenciais em campi em Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Bahia e Sergipe. Uma de suas escolas mais conhecidas é a São Judas Tadeu, de São Paulo, sem relação com a instituição de ensino de Porto Alegre. É dona da HSM, de educação e eventos corporativos, e tem parceria com a Singularity University, do Vale do Silício. Tem três sócios, entre os quais Daniel Castanho, líder do movimento #nãodemita (leia aqui entrevista com o empresário)
LINHA DO TEMPO
Meados de julho: o grupo Ser Educacional publica fato relevante em que informa sobre a disposição de compra da Laureate no Brasil. Fontes do mercado apontam interesse também da Cruzeiro do Sul, que na época não tinha ações negociadas na bolsa.
13 de setembro: em comunicado conjunto, em pleno domingo, Laureate e Ser informam ter fechado acordo por R$ 4 bilhões, dos quais R$ 1,7 bilhão em dinheiro.
14 de setembro: como o acordo anunciado tem cláusula que permite à vendedora avaliar ofertas maiores, a Yduqs (ex-Estácio) anuncia interesse em fazer "proposta melhor".
7 de outubro: a uma semana do prazo final, dois outros grupos apresentam propostas, Yduqs e Ânima.
21 de outubro: a Laureate afirma que a melhor oferta é a da Ânima, mas a Ser Educacional consegue uma liminar contra o o negócio com a concorrente.
27 de outubro: a Ânima comunica que a Laureate aceitou sua proposta de R$ 4,4 bilhões, dos quais R$ 3,8 bilhões em dinheiro, R$ 623 milhões em dívidas, e mais potenciais R$ 203 milhões relativos a vagas em cursos de Medicina pendentes de aprovação.
28 de outubro: a Ser Educacional informa que a revogação da liminar que havia obtido, em troca da abertura de um processo de arbitragem.
30 de outubro: a Ser Educacional anuncia o fim de disputas jurídicas e arbitrais, e que terá direito de compra das duas universidades gaúchas, além de uma instituição carioca.
12 de maio de 2021: o Cade aprova a venda das unidades da Laureate para a Ânima.
13 de maio de 2021: a Ânima libera apresentação ao mercado com detalhes do negócio que incluem as duas universidades gaúchas.