Diante do anúncio da véspera – quando avisou que trataria de "assunto de extrema importância que devemos resolver" –, a coletiva do presidente Jair Bolsonaro cercado de ministros não ofereceu respostas definitivas.
Ao contrário: além de acenar com uma futura e gradativa redução do PIS/Cofins sobre os combustíveis, voltou a tentar empurrar a solução para os governos estaduais, pedindo que o ICMS seja cobrado por valor fixo ou sobre o preço de refinaria, em vez de o valor de bomba.
Só o que ficou claro foi o objetivo: dar uma satisfação aos caminhoneiros, depois que um ensaio de greve foi abortado. Ao longo da coletiva, Bolsonaro repetiu várias vezes que não faria "intervenções", mas propôs um projeto de lei complementar para disciplinar a cobrança de um imposto de responsabilidade dos Estados.
Ao escolher as palavras, admitiu que nem ele sabe se é legal: disse que apresentaria se fosse "juridicamente possível", ao lado do advogado-geral da União, José Levi. O mercado acreditou na disposição de não intervir, e as ações da Petrobras subiram.
Mas perto do final da tarde desta sexta-feira (5), uma informação da agência Reuters inverteu o humor do mercado e espalhou mais confusão. Conforme a notícia, a Petrobras teria aumentado de três meses para um ano o prazo em que calcula a paridade internacional de preços dos combustíveis, ou seja, a base para os reajustes nas refinarias. O valor da ação da estatal, que estava perto de R$ 30 até as 16h, caiu a R$ 28,50 e se recuperou parcialmente, fechando em R$ 29. Ou seja, foi levada a sério.
Conforme especialistas no mercado de petróleo, se a informação estiver correta, não significa que a Petrobras só irá reajustar os preços nas refinarias uma vez ao ano, mas poderá, sim, espaçar os aumentos e as eventuais quedas de preço internacionais. Esse é um cálculo interno da estatal, que pode eventualmente ter preços melhores por conta dos volumes que importa.