Marcada para começar nesta segunda-feira (1º) em todo o país, a greve dos caminhoneiros tem registro de mobilizações em alguns municípios do Rio Grande do Sul, segundo membros do movimento, mas sem relato de transtornos. Até as 12h, não havia informação sobre bloqueios em rodovias estaduais e federais, segundo Polícia Rodoviária Federal (PRF), Comando Rodoviário da Brigada Militar e integrantes da categoria.
Ijuí, no Noroeste, Rio Grande, no Sul, e Pinheiro Machado, na Campanha, têm pontos de concentração de caminhoneiros, segundo o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens de Rio Grande (Sindicam), José Roberto Tadeu da Rosa, um dos principais representantes do movimento no Estado.
Em Ijuí, os caminhoneiros estão agrupados no trevo do posto 44, entre a RS-342 e a BR-295, ponto que tradicionalmente recebe atos da categoria, segundo o caminhoneiro Carlos Alberto Litti Dahmer. No local, os manifestantes convocam colegas para aderirem ao movimento. Em Rio Grande, a concentração foi registrada em ponto da BR-392. Já em Pinheiro Machado, os trabalhadores estavam no acesso ao município, segundo o Sindicam.
— Bloqueio de rodovia não está tendo. Tem os pontos de conscientização, que a gente conversa com o pessoal. Mas o pessoal já viu que não tem caminhão rodando. Desde meia-noite está tudo parado. Tu vê um, dois caminhões no intervalo de duas horas — afirma Rosa.
O presidente do Sindicam afirma que a greve não tem previsão de encerramento e que ainda não recebeu sinal do governo no âmbito de negociação. O presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado (Fecam-RS), André Costa, afirma que não há registro de transtornos em relação ao trafego de caminhões nas estradas no Estado e nem de prejuízo ao trabalho dos autônomos. A entidade não apoia a mobilização.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Sérgio Mário Gabardo, afirma que a mobilização não afeta o transporte de cargas no Estado nesta segunda-feira. A entidade não concorda com a paralisação, afirmando que o momento é inoportuno:
— Está operando normalmente. Houve algumas tentativas de bloqueio, mas acontece que, da maneira que foi falado, reivindicado e feito, nós entendemos que não se chega a lugar nenhum.
Gabardo destaca que as reivindicações têm de ser feitas com unidade entre os Estados e que categoria, com autônomos e empresas, discutindo a pauta de maneira mais ampla.
País
Em atualização registrada às 15h30min desta segunda-feira, o Ministério da Infraestrutura informou que o fluxo na BR-116, na Bahia, na altura de Itatim, foi liberado nos dois sentidos. Equipes da PRF retiraram material deixado por manifestantes não identificados.
Mais cedo, o ministério havia informado que o bloqueio parcial na BR-304, no Rio Grande do Norte, na altura de Mossoró, foi completamente liberado.
Segundo a pasta, todas as outras rodovias federais, concedidas ou sob gestão do Dnit, “encontram-se com o livre fluxo de veículos, não havendo nenhum ponto de retenção total ou parcial”.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, minimizou o movimento grevista. Em entrevista ao Estadão no domingo (31), Freitas disse que tem dialogado com as principais lideranças do setor e que não haverá adesão da maior parte dos trabalhadores.
— Vai ser um movimento fraco, não vai ter adesão. As empresas de transporte não vão parar, os principais sindicatos não vão parar. Tenho recebido mensagens de apoio de diversos líderes de caminhoneiros. Eles não querem parar, querem trabalhar. Esse é o sentimento geral — disse o ministro.
No domingo (31), áudio de uma conversa entre Tarcísio e uma liderança local de caminhoneiros circulou em grupos de WhatsApp, no qual o ministro afirma não ter possibilidade de atender alguns dos principais pedidos do segmento. Tarcísio de Freitas confirmou a autenticidade do áudio e confirmou que a conversa ocorreu no sábado (30), mas disse que se tratava, apenas, de esclarecer o papel do governo em cada demanda, o que é possível fazer e o que não é.
Os dois principais pedidos da categoria dizem respeito à redução de cobrança de PIS e Cofins sobre o óleo diesel, pra reduzir o preço do combustível na bomba, e o aumento da tabela de fretes de transporte que cobram na prestação de serviços.
— Sobre o Pis Cofins, por exemplo, se você tira um centavo, são R$ 800 milhões a menos na arrecadação. E o governo federal já zerou a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). O PIS-Cofins, que era R$ 0,46, hoje está em R$ 0,33. Então, estamos fazendo o que é possível fazer e que está ao alcance do Ministério da Infraestrutura. Se isso ocorre, é preciso ter fonte compensatória, e isso vai significar onerar alguém. Estamos na iminência de uma reforma tributária. É isso que eu falo no áudio — disse o ministro.