Em agosto, houve uma alta pequena, de 1,4 ponto, mas suficiente para levar o Índice de Confiança do Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV) para exatamente o mesmo nível de março. É um raro indicador que retoma o patamar pré-pandemia em seis meses.. Em médias móveis trimestrais, houve alta de seis pontos.
O desenho do gráfico acima mostra como a maioria dos analistas vê o comportamento da reação da economia: toca o fundo do poço em abril, mas ainda tem diferença em relação a meses em que o coronavírus sequer era assunto . O pequeno avanço de agosto representa desaceleração no ritmo da recuperação iniciada em maio.
Os resultados do mês também variam muito conforme a faixa de renda. Os consumidores com menor remuneração e os com maior poder aquisitivo, estão menos satisfeitos. Entre os dois grupos extremos, a confiança das classes intermediárias vê maior tendência de recuperação.
Na faixa de até R$ 2,1 mil, houve queda de 1,6 ponto, e para quem ganha mais de R$ 9,6 mil, um recuo de 0,3. O maior otimismo está na faixa de renda entre R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil.
Segundo Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do FGV Ibre, o resultado sugere que os consumidores de baixa renda estão projetando maiores dificuldades nos próximos meses. Nesse caso, avalia que pode ter relação com ao fim do pagamento do auxílio emergencial, previsto para o final deste mês. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a prorrogação do auxílio até dezembro.
O indicador que mede as expectativas dos consumidores sobre a economia para os meses teve um leve aumento, de 0,2 ponto, alcançando 111,7 pontos, maior nível desde fevereiro (116,9 pontos). O item que mede o otimismo com relação às finanças familiares nos meses seguintes cresceu 1,4 ponto, para 91,1 pontos, quarta alta consecutiva. O ímpeto de compra de bens duráveis, recuperou 4,3 pontos, para 60,3 pontos. Atingiu o maior nível desde fevereiro, e foi o que mais contribuiu para a alta do índice de confiança.