Na primeira viagem depois de cinco meses de quarentena, Givanildo Luz, diretor-presidente da Saque e Pague, foi para o México.
É lá que a empresa nascida em Campo Bom vai dar um grande passo para expandir sua atuação internacional, segundo o executivo para levar o mesmo modelo de negócios implantado no Brasil, que ele descreve como "reciclagem de dinheiro".
A Saque e Pague nasceu em 2010 dentro da GetNet, criada no Estado e vendida ao Santander. Na época, explica Luz, a decisão dos acionistas foi manter o negócio independente, exatamente por acreditar que havia grande potencial. O controle é do grupo Corrêa da Silva, associado à Stefanini, multinacional de origem brasileiras presente em 40 países. O que seu principal executivo chama de "reciclagem de dinheiro" é a transformação de um pagamento em cédulas físicas em transação digital:
– Nossa tecnologia de reciclagem de dinheiro é focada no varejo, que ainda tem entre 50% e 60% das vendas pagas fisicamente. A cada R$ 500 que recebe, deposita nos nossos equipamentos, as cédulas são validadas e a gente coloca na conta corrente. O mesmo dinheiro que ele depositou pode ser sacado pelos clientes de bancos associados.
Então, alguém que já usou um terminal da Saque e Pague já "reciclou dinheiro". Luz afirma que esse modelo resolve três grandes problemas: o risco de manter entre R$ 40 mil e R$ 50 mil no caixa, o custo das empresas transportadoras de valores e o controle das entradas e saídas das empresas, feitos automaticamente pelo equipamento.
No México, a empresa gaúcha atua há cerca de dois anos, mas agora acaba de ser contratada pelo Banco del Bien-Estar, uma espécie de Caixa Econômica Federal local, para atuar em modelo muito semelhante ao que opera no Brasil. Vai apoiar o plano de abrir 2,7 mil agências até o final de 2021. Diante da surpresa da coluna com o número, Luz explica que, embora o México seja muito semelhante ao Brasil, enquanto aqui a população que não tem acesso a bancos é estimada em 30%, lá chega a 60%. Outro plano da Saque e Pague é desembarcar na Colômbia:
– É uma empresa gaúcha desbravando um mercado na América Latina. E no futuro, pensamos em atuar em outros países. Não acreditamos em um mundo só digital, mas também não só físico.
No Brasil, tem 27 clientes, entre bancos e fintechs, conectados ao seu sistema. Tem equipamentos em cerca de 300 cidades do país e planeja para meados de 2021 um projeto inédito em São Paulo: o Espaço Saque e Pague, uma agência multibanco na Faria Lima, a avenida da indústria financeira. Embora a estreia seja na maior cidade do país. Luz pondera que o modelo possa beneficiar cerca de 500 localidades em que não há qualquer serviço bancário presencial:
– É possível levar um serviço compartilhado, mais eficiente, que não representa 10 custos, mas pode ser um custo compartilhado por 10.
Atualmente a Saque e Pague tem cerca de 260 funcionários próprios e ao redor de 40 terceirizados. Em 2019, seu faturamento foi de R$ 120 milhões e deve aumentar, neste ano de pandemia, a R$ 160 milhões. A quarentena, aliás, inspirou a empresa a operar com cerca de metade de sua força de trabalho em home office de forma definitiva.