Em cenário do tipo "braços do povo", em Ipanguaçu (RN), o presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta sexta-feira (21), a prorrogação do auxílio emergencial até dezembro. Não confirmou o valor, mas deu sinais de que não será mantido em R$ 600.
Havia expectativa de que a anúncio saísse até o final desta semana, mas depois do susto com a derrubada do veto no Senado, surgiram dúvidas. A solução foi bancar o prazo e fazer mais uma rodada de discussão sobre o valor. As especulações são que se situe por volta de R$ 300.
Embora o anúncio fosse esperado, as circunstâncias trouxeram certa inquietação no debate sobre furar ou não furar o teto dos gastos. Ao dizer que o auxílio será mantido até o final do ano, Bolsonaro ouviu uma aclamação. É muito cedo, mas mostra que já vestiu o figurino e o discurso de um candidato populista, longe das recomendações moderadas de seu Posto Ipiranga.
Pouco antes, aliás, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciava outra prorrogação: a da flexibilização de jornadas e salários, por dois meses. Neste caso, até os defensores da responsabilidade fiscal admitem que a medida é necessária, porque se não gastar contribuindo para manter empregos, o governo aumentará a despesa com seguro desemprego.
E ainda emendou que o novo programa social do governo, o Renda Brasil, será anunciado na próxima terça-feira. Isso sem contar que há informações sobre o renascimento definitivo do Pró-Brasil, descrito por vários economistas como uma espécie de PAC de Bolsonaro.
O conjunto da obra mostra como será difícil colocar em prática a estratégia de baixar o piso para não furar o teto. Se a eleição de 2022 for determinante para as decisões sobre gastos, como alertou há quase 15 dias a economista Zeina Latif, o risco de passar do ponto será alto.