O Brasil só voltará a mergulhar oficialmente em recessão em 1º de setembro, quando for divulgado o PIB do segundo trimestre. Como é um resultado previsível, não se discute se haverá, mas quão profunda e duradoura será. O ministro Paulo Guedes insiste que a saída será em V, e não é preferência por uma letra específica. É o desenho que permite reduzir a dor da crise: cai forte e volta rápido. Outros formatos de recessão e reação embutem um período maior no temido fundo do poço, ou com reincidências.
Quando os números viraram focos de polêmica para tentar dimensionar o problema, as letras ajudam a clarear as ideias. Na equipe econômica, caíram mal as mais recentes projeções de organismos internacionais, que preveem quedas de 8% (Banco Mundial) e até 9,1% (OCDE) para o Brasil.
Como se vê nos gráficos abaixo, a associação de letras a percursos do PIB em períodos de crise não é exata, em termos de desenho. Mas também não é aleatória: correspondem a variações realmente ocorridas. Assim como o V é o formato desejado, o L é o pesadelo equivale à temida e interminável crise japonesa.
Embora não fosse propriamente uma recessão, porque a economia só encolheu pontualmente, o crescimento mínimo se estendeu por longo período.
No meio do caminho, estão os formatos W – cai, volta e repete a dose, não raro mais de uma vez – e U, algo parecido com o que o Brasil viveu entre 2014 e 2016: tomba, fica lá embaixo um bom tempo e começa a voltar.
O problema é que o Brasil não completou o U, ou seja, ainda não voltou ao ponto de onde caiu. Guedes, que torce pelo V, já admite outro formato: uma raiz quadrada, em que o Brasil sai do buraco muito devagar e segue devendo crescimento aos cidadãos. O ministro tem nas mãos o poder de produzir um V. Só precisa ser mais rápido.