Quando foi lançada, a linha de crédito para financiar o pagamento de salários parecia resolver boa parte dos problemas que se apresentariam ao longo da pandemia. Tinha juro baixo, carência razoável e, acima de tudo, a garantia do Tesouro, que reduziria o tão temido risco para os bancos. No entanto, dois meses depois, apenas R$ 1,9 bilhão da oferta de R$ 40 bilhões foram contratados.
Nesta segunda-feira (1º), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, acenou com ajustes promissores: prorrogação, ampliação de limite e redução de exigências. Em audiência pública na comissão mista de acompanhamento dos gastos da Covid-19 no Congresso, Campos Neto antecipou algumas mudanças.
Segundo o presidente do BC, haverá inclusão de empresas com faturamento bruto anual de até R$ 50 milhões em 2019, cinco vezes maior do que o limite anterior. O programa será prorrogado por mais dois meses e vai atender a empresas que mantiverem ao menos 50% dos postos de trabalho.
Essa é uma das mudanças mais importantes. No formato anterior, as empresas tinha de se comprometer a não demitir para aderir à linha que tem como maior atrativo juro anual de 3,75%, igual à Selic na data do lançamento. Até as que não têm planos imediatos de cortar postos de trabalho travavam diante da exigência, porque o tamanho da incerteza não permitia assinar contrato sujeito a sanções com esse tipo de compromisso.
Não é a mudança em uma linha que vai destravar todo o crédito represado no Brasil, o que é essencial para não permitir o aprofundamento da recessão. Mas é um sinal de que os erros foram assumidos e serão corrigidos. E ainda falta a linha de capital de giro que vem sendo prometida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.