No anúncio feito no final da manhã desta quarta-feira (1º), houve mais declarações de intenções do que novas medidas. O presidente Jair Bolsonaro avisou que vai sancionar a a ajuda emergencial de R$ 600 para informais e outros trabalhadores sem alternativa de renda no período da pandemia de coronavírus, mas não confirmou se vetará alguma parte, como avisaram ontem integrantes da equipe econômica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, falou de iniciativas já conhecidas, mas deu um spoiler da aguardada medida trabalhista que deve substituir a anunciada há quase 15 dias, que o presidente mandou revogar.
Ao falar na medida que permitirá às empresas a redução de jornada e de salários, Guedes deu um sinal de que o limite será de 30%, não de 50%, como se cogitou. Ao confirmar que o governo vai completar a parcela de salário que não será paga pelas empresas neste período, falou em 20%, 25% e 30%. Não mencionou a possibilidade de chegar a 50%. Empresas têm anunciado decisão de não demitir, mas ainda não sabem com que tipo de ajuda poderão contar do governo.
As outras medidas mencionadas são conhecidas. Uma é a linha de crédito com recursos do Tesouro anunciada na sexta-feira passada (27). Guedes, que esteve ausente no momento do comunicado, conduzido pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez questão de deixar claro do que se trata: como são recursos do caixa da União, também estará "sujeito a perdas". A iniciativa, umas das mais inteligentes já adotadas na crise, tenta contornar a resistência dos bancos em dar mais crédito a clientes em um momento de alta do risco no mercado financeiro. No caso dessa linha para empresas que faturam entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões por ano, se o cliente deixar de pagar, 85% do prejuízo será público, só 15% dos bancos. Segundo Guedes, é recurso que "também vai na veia" do setor privado.
Outra medida mencionada é a que transfere recursos para os Estados e municípios, já anunciada e já considerada insuficiente, inclusive pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Guedes adiantou, ainda, que a medida para compensar redução de jornada e salários terá dotação de R$ 51 bilhões. Conforme o presidente, Guedes deverá detalhar a medida à tarde. Esperaremos. Mas acelera, Guedes.