Não se trata de atuação de ONGs, políticos em busca de afirmação ou conspirações internacionais: é o consumidor médio do planeta Terra que está disposto a adotar hábitos de consumo mais engajados em questões sociais e ambientais. A "pressão verde" é a primeira das cinco tendências de consumo para 2020 mapeadas pela respeitada consultoria Trendwatching, que tem escritórios em seis países.
Conforme o relatório, há uma mudança importante nesse aspecto. Antes, ter postura sustentável e buscar a melhor alternativa ambiental era sinônimo de status, ou seja, algo que diferenciava positivamente quem o fazia. Agora, com alternativas "verdes" espalhadas pelo mundo, acessíveis e tão boas quanto o que substituem, o consumo responsável está deixando de ser uma moda à qual fica bem aderir para se tornar motivo de constrangimento e culpa para quem não o faz.
"Esse é o motivo pelo qual, em 2020, milhões de consumidores vão procurar produtos, serviços e experiências que ajudem a aliviar a crescente eco-culpa", afirma o relatório da consultoria, que lista como sinais do "eco-status" da fase precedente o lançamento do Roadster, carro elétrico da Tesla, em 2008, a produção de tênis baseada em plástico retirado dos oceanos pela Adidas, em 2016, e o lançamento, no mesmo ano, do primeiro "impossible burger" – hambúrguer feito de vegetais.
No ano passado, destaca a Trendwatching, o Model 3 da Tesla já é o terceiro carro mais vendido no Reino Unido – realidade conectada a incentivos concedidos na Europa à compra de carros elétricos –, a Adidas produziu 11 milhões de pares de tênis com resíduos plásticos retirados dos oceanos e o "impossible burger" está disponível em cerca de 7 mil unidades do Burger King nos Estados Unidos. A coluna acrescenta que foi adotado não só em quase todas as redes de fast food do planeta mas também estão nos supermercados.
Outras duas das cinco tendências apontadas pela Trendwatching para 2020 incluem a compra com propósito: burnout (esgotamento físico e mental ligado à vida profissional, reconhecido como doença pela Organização Mundial da Saúde em 2019), em que consumidores buscam marcas e produtos que os ajudem a reforçar a saúde mental e a combater o sintoma, e a mídia civil, que a consultoria descreve como "busca de antídotos para as grandes e tóxicas comunidades online e mídias sociais". O relatório dá uma dica às empresas: "É preciso estar preparado para um futuro onde a saúde mental de sua força de trabalho será tão importante quanto a cadeia de fornecedores".
As outras duas tendências listadas são avatares das marcas, personagens digitais que representam empresas, e design metamórfico, de produtos e serviços que mudam conforme se altera a expectativa do consumidor.