No ano em que o Brasil foi exposto como o país das queimadas na Amazônia, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que a concentração dos principais gases do efeito estufa na atmosfera havia sido a maior da história em 2018. Os incêndios na floresta são inocentes do recorde, mas isso não é razão para tirar o problema do radar. O nível de gás carbônico (CO2) na atmosfera terrestre chegou a 407,8 partes por milhão (ppm). Está 147% acima da época pré-industrial de 1750.
Um dos erros estratégicos do governo Bolsonaro no momento mais dramático do fogo na floresta tropical foi falta de atualização da agenda. Ao contrário do que pregam gurus ultrapassados do presidente, a questão ambiental não é agenda do marxismo cultural. Como afirmou à coluna o representante da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybañez, por lá a proteção da natureza não é mais questão nacional. É um problema, literalmente, global. Fronteiras de países não funcionam como barreira ao dióxido de carbono. Portanto, melhor unir esforços para uma missão que parece quase impossível: frear a geração dos gases de efeito estufa.
Quem ganha com isso não são os barbudinhos encrenqueiros das fantasias dos que temem o "globalismo". Empresas extremamente capitalistas estão adaptando suas práticas, seus estatutos e sua forma de produção para se adequar aos tempos. Tem muito de marketing nesse movimento? Sim. Mas é melhor uma busca bem-intencionada do que a ignorância ou o desprezo por um tema capaz de movimentar muito dinheiro para o Brasil. Basta ser administrado com conhecimento e sabedoria.