Após um crescimento recorde da destruição da vegetação amazônica, o presidente Jair Bolsonaro minimizou nesta quarta-feira (20) o aumento do desmatamento e disse que ele não acabará no Brasil.
Na saída do Palácio do Alvorada, onde parou para cumprimentar um grupo de eleitores, o presidente afirmou que tanto os desmatamentos como as queimadas são práticas culturais no país. Bolsonaro foi perguntado se adotaria alguma medida para reduzir o desflorestamento.
— Você não vai acabar com o desmatamento nem com as queimadas. É cultural — disse.
No período de agosto de 2018 e julho de 2019, o Brasil bateu o recorde nesta década de destruição na floresta amazônica. Segundo o sistema de monitoramento Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), foram desmatados 9.762 quilômetros quadrados, um aumento de 29,5% em comparação com o ano anterior.
O presidente criticou a ex-ministra do Meio Ambiente e sua adversária na última disputa eleitoral, Marina Silva. Ela afirmou recentemente que o cenário é preocupante para 2020 e que Bolsonaro quer entregar a Amazônia para a destruição.
— Eu vi a Marina Silva criticando anteontem. No período dela, tivemos a maior quantidade de ilícitos na região amazônica — disse o presidente, que não apresentou, no entanto, dados para provar a sua afirmação.
O aumento percentual do desmatamento amazônico deste ano é o terceiro maior da história. Um aumento tão acentuado só foi visto nos anos de 1995 e 1998. No primeiro, o crescimento foi de 95% e a taxa alcançou o pico histórico: 29.100 km² de área devastada. Já em 1998, o aumento do desmate foi de 31%.
Na campanha presidencial, Bolsonaro criticou repetidas vezes a fiscalização ambiental feita pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e afirmou que o país tem muitas unidades de conservação e terras indígenas.
No cargo, não diminui o tom do discurso. Ele exonerou o fiscal do Ibama que lhe aplicou uma multa ambiental em 2012 e disse que atenderá a pedido de garimpeiros para que maquinários não sejam destruídos em operações de fiscalização.
Para o Observatório do Clima, a alta no desmatamento "coroa o desmonte ambiental" praticado na gestão do presidente e de seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.