A informação sobre o interesse da chinesa BYD (Build Your Dreams) em ficar com a linha de montagem que a Ford fechou em São Bernado do Campo surpreendeu o mercado, especialmente porque envolveria a produção de caminhões elétricos. A montadora chinesa tem um bom naco de mercado no vizinho Uruguai, especialmente com pequenos automóveis, mas ainda é pouco conhecida no Brasil.
No Estado, porém, a BYD já tem parceiros de peso: com a Marcopolo, desenvolve um ônibus elétrico, e ainda usa o Centro Tecnológico da Randon – o antigo campo de provas da indústria caxiense – para certificar seus produtos para o Brasil. Não por acaso, as duas grandes empresas de material de transporte deram passos na direção de tecnologias elétricas neste ano. Além do ônibus, a Randon lançou uma carreta elétrica com tecnologia própria.
A BYD tem uma pequena linha de produção em Campinas (SP) desde 2017, onde monta chassis para ônibus elétricos – de onde se originou a parceria com a Marcopolo – e painéis solares. Para aumentar sua participação no mercado brasileiro, precisaria expandir as instalações. A compra da unidade da Ford, cujo fechamento foi anunciado em fevereiro, seria uma alternativa depois que a Caoa desistiu de adquirir a planta.
– Em parte, é uma surpresa, sim. Ver empresas querendo investir no Brasil com foco em caminhões elétricos é positivo para a cadeia como um todo. As Empresas Randon estão trabalhando nesse segmento, lançamos o eixo elétrico neste ano. Ter grandes players é importante para atrair fornecedores, como o de bateria, que são importantes. Se for via aquisição da Ford ou com uma planta nova, será excelente – afirmou Daniel Randon, presidente da Empresas Randon.
A BYD nasceu como uma startup em 1995, fundada pelo químico químico Wang Chuanfu. Hoje, é a marca que mais vende carros elétricos no mundo e se transformou em uma gigante global, com mais de 220 mil empregados. Chegou ao Brasil em 2014, e seu diretor nacional de marketing e novos negócios, Adalberto Maluf, foi um dos executivos que se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro na viagem à China.