O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A análise de grandes quantidades de dados e o uso de inteligência artificial deram forma ao novo projeto do economista Igor Morais, ex-presidente da extinta Fundação de Economia e Estatística (FEE). Ao lado de dois sócios, fundou em Porto Alegre a 4Labs. Morais buscou aperfeiçoamento na área nos Estados Unidos, onde cursou pós-doutorado na Universidade da Califórnia entre 2016 e 2018.
Como surgiu o interesse pela área de big data, caracterizada pela análise de grandes quantidades de dados?
Tive o primeiro contato com a ideia de trabalhar com big data na época em que fui presidente da FEE. O big data é a capacidade de utilizar grandes quantidades de dados para resolver diferentes questões. Vi que o mundo do economista estava mudando, e eu precisava me reciclar. Aí, decidi estudar nos Estados Unidos. Os dados são divididos em estruturados – aqueles que já estão organizados, como os do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – e os não estruturados. O segundo grupo cresceu muito nos últimos anos. Isso se tornou possível com o surgimento de novas ferramentas de análise e a disponibilidade de softwares gratuitos. Quando deparei com isso, pensei que deveria me reciclar. Ao chegar aos Estados Unidos, vi que outra linha que estava crescendo bastante era a de inteligência artificial.
Como avalia o desempenho americano nessa área?
Nos Estados Unidos, mesmo com a capacidade de formação de profissionais, havia restrições de mão de obra. Então, imagine como é no Brasil. Na ocasião, pensei que existiria aqui no país, e existe, uma janela de oportunidades. Os conceitos de indústria 4.0 dependem de gente que atue com análise de dados e inteligência artificial. Aí procurei um amigo e propus a criação de uma empresa (a 4Labs). Já no final do ano passado, fechamos um contrato com cliente aqui no Rio Grande do Sul. Antes de termos registro de CNPJ, já emplacamos acordo.
Qual é a atuação da 4Labs? O que a empresa desenvolve?
Somos três sócios. Só eu sou economista. Os outros dois são da área de TI (tecnologia da informação). Sou o estranho no ninho (risos). Uma das frentes é a de licenciamento de softwares. Ganhamos percentual sobre cada licença. Além disso, tentamos mostrar para empresas que o uso de dados pode gerar novos negócios, novas fontes de receita. Por exemplo: uma rede de supermercados, ou de qualquer outro ramo varejista, tem várias informações sobre seus clientes por meio dos registros das notas fiscais. Sabe em que horários os consumidores compram e o que eles compram.
Como descreve o cenário para a área no Rio Grande do Sul?
O gargalo que o Estado enfrenta é o mesmo que os demais também encaram. Não tem tanta mão de obra disponível. O que pode fazer a diferença é o empresário gaúcho enxergar e entender as mudanças. Diferentemente do que vemos em outras áreas, o uso de tecnologia para otimizar processos passa pouco pelas mãos do governo. A maior questão é o empresário entender que big data e inteligência artificial podem provocar benefícios para seus negócios. Existem dois setores que largaram na frente nessa corrida: o de saúde e o mercado financeiro.
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