O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Amenizar os efeitos desastrosos da crise econômica é o grande desafio do próximo mandato presidencial na Argentina, que teve eleições neste domingo (27). Analistas advertem que a "despiora" da situação é complexa, sem soluções mágicas. Enquanto o quadro não melhora, sobra preocupação a empresas brasileiras que exportam ao país vizinho.
A Argentina é o principal destino das mercadorias verde-amarelas na América do Sul e o quarto no ranking geral. De janeiro a setembro, os embarques aos vizinhos despencaram 39%, para US$ 7,5 bilhões.
– A economia argentina vem sofrendo um revés atrás do outro. Vemos essa situação com muita preocupação. O quadro de dificuldades deve demorar para passar. A Argentina precisa de um governo que de fato ataque os problemas sem populismo – observa Leandro Cezimbra, secretário-geral da Câmara Empresarial Argentino-Brasileira do RS.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) passou a projetar tombo de quase 3% na economia local em 2019. Para o próximo ano, a estimativa é de queda de 1,5%.
Professor da Unisinos, o economista Marcos Lélis frisa que, por trás da crise, está a escassez de divisas. Ou seja, baixo nível de reservas internacionais em dólares, que servem de espécie de colchão de segurança contra choques financeiros. Enquanto o Brasil tem US$ 371,4 bilhões, a Argentina reúne US$ 46,1 bilhões.
– O país não consegue importar muito, o que restringe o crescimento. Os problemas não serão resolvidos logo – pontua Lélis.