A liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que deve ser anunciada nesta semana, representa tentativa de estímulo ao consumo no momento em que diferentes setores da economia sofrem com a baixa demanda. Apesar do possível benefício, a medida não resolverá todos os problemas do país, apontam especialistas. Seria uma espécie de paliativo.
O governo projetou inicialmente que a medida injetaria até R$ 42 bilhões na economia. Depois, refez os cálculos e baixou a estimativa para R$ 30 bilhões. A liberação deve ser de até 35% das contas ativas. No sentido contrário, a equipe econômica avalia acabar com o saque automático do FGTS nas demissões sem justa causa.
Não é a primeira vez que o país presencia o debate sobre a liberação de recursos dessa fontes. Em dezembro de 2016, o então presidente Michel Temer anunciou o saque de contas inativas do FGTS. O objetivo era o mesmo: estimular a economia, que à época era assombrada pelo segundo ano consecutivo de recessão. Segundo analistas, os efeitos no consumo foram positivos, embora incapazes de destravar toda a demanda represada pela crise.
Na Argentina, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (17) que a liberação dos saques será uma “pequena injeção na economia”. Quem demonstra preocupação com a medida é o setor da construção civil. Isso ocorre porque o FGTS é uma das importantes fontes de financiamento de imóveis no país – o teto é de R$ 1,5 milhão.
– Os recursos das contas não seriam direcionados só para a construção, mas abertos a vários setores. O FGTS é um grande funding (fonte de financiamento), principalmente para imóveis do Minha Casa Minha Vida – afirma o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RS), Aquiles Dal Molin Júnior. – Liberar os saques é um erro. Há benefícios sociais gerados pela construção, como empregos e moradia digna para as pessoas – emenda.