No ano em que a explodiu a crise do segmento livreiro, uma espécie de clube do livro
nascido em Porto Alegre aumentou seu faturamento em 73%, para alcançar R$ 26 milhões.
Em 2018, quando os pedidos de recuperação judicial da Livraria Cultura e da Saraiva – as duas maiores redes de livrarias do país – espalharam inquietações por todo o mercado editorial, a Tag Experiências Literárias já tem 40 mil assinantes, distribuídos em 1,7 mil cidades do país, para os quais envia regularmente publicações selecionadas.
É um clube de assinaturas online, como existem os de cervejas, gravatas e até meias, mas de livros. Foi criado em 2014, por três estudantes do curso de Administração da UFRGS Gustavo Lembert, Arthur Dambros e Tomás Susin, que depois ganharam o reforço de outro dois sócios, Álvaro Englert e Pablo Valdez – todos ainda com menos de 30 anos.
– Não há uma crise do livro. O número de exemplares vendidos não sofreu queda tão grande que justifique a quebra dos dois grandes do varejo. O preço médio dos livros vem caindo, as margens ficaram mais apertadas, a ponto de não sustentar mais o modelo de megastore, que tem custo elevado. Com a entrada do varejo online, o preço passou a ser o único fator de compra e provocou uma competição bastante dura com o varejo físico. Além disso, há uma relação conturbada entre livreiros e editores, falta transparência nos dados que causa ineficiência na gestão da cadeia do livro – interpreta Arthur Dambros, diretor de marketing da Tag.
Diante desse diagnóstico, o que transformou a Tag em exceção à regra? Conforme Dambros, foi o fato de ter encontrado uma forma de entrar no mercado sem competir por preço.
– Isso indica que a crise não é do livro, há interesse. O caso da Tag não único de sucesso
no mercado de livros. No relacionamento direto com o leitor, descobrimos novas formas
de consumo. Não é só compra, é vivência. Não competimos com a Amazon. Estamos vendendo livros online, e a galera tem comprado – afirma.
Ao longo de 2018, a Tag lançou novas iniciativas. Uma nova modalidade de assinatura,
a TAG Inéditos, que edita best-sellers ainda não publicados no Brasil. Lançado em abril, alcançou 13 mil assinantes. Também "abriu" a Tag Loja, e-commerce que responde por
R$ 1,5 milhão do faturamento, e oferece mais de 400 produtos entre livros, itens relacionados ao universo da literatura, como bonecos e adesivos.
– A gente constrói uma experiência, não no sentido do clichê que virou o termo, mas tenta entender o que faz sentido para o leitor. Clubes de livro sempre existiram, como um contexto para discussão, interação – afirma Dambros.
Embora nascido no Estado, o negócio está disseminado por todo o país. Segundo o diretor de marketing, a proporção dos associados segue mais ou menos a proporção do PIB, o que significa que a maior parte dos clientes está no Sudeste.
– O Sul não é nosso principal mercado, ma o peso é um pouco maior do que o da região no PIB, ou seja, aqui dá uma subidinha, tem força maior. Existe uma proporção maior de leitores, inclusive com bom poder aquisitivo – observa.