Maior rede de livrarias do país, a Saraiva fez pedido de recuperação judicial nesta sexta-feira (23). A decisão foi tomada depois de não conseguir um acordo para renegociar as pendências financeiras com os fornecedores de livros, que somam R$ 675 milhões.
O pedido foi protocolado na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo. Em comunicado, a Saraiva afirmou que o pedido de recuperação não altera o funcionamento das unidades espalhadas por 17 Estados do país. "A recuperação judicial não altera, de forma alguma, o funcionamento da área de varejo, que segue, na data de hoje, com 85 lojas físicas em todo o Brasil e com sua operação de comércio eletrônico", dizia um trecho do texto.
Sem dinheiro e sem credibilidade, a Livraria Cultura também está em crise. Não consegue convencer as editoras a embarcar em seu plano de curto prazo: abastecer as lojas com livros para o Natal e a volta às aulas comprando a prazo. Antes, sua proposta era consignar uma parte e pagar o restante em cinco vezes. Agora, ela propõe pagar 10% à vista e o restante em meados de dezembro.
Com medo de novos calotes, as editoras pedem mais garantias à rede da família de Pedro Herz, que trabalha, agora, num documento que possa trazer um pouco mais de tranquilidade à essa negociação.
O assunto foi debatido na quinta-feira (22), em Assembleia Geral Extraordinária no Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel). Não houve consenso com relação à postura diante dos apelos da Cultura — alguns não querem se arriscar a perder ainda mais dinheiro, caso ela não consiga pagar em dezembro; outros lamentam por seus livros não estarem à venda numa das mais tradicionais redes de livrarias do País — e também na maior rede, a Saraiva, que apresentou na reunião uma proposta mais razoável e que já foi aceita pelos presentes. Nos próximos seis meses, ela paga seus pedidos à vista.
Em nota, o Snel diz que o pagamento antecipado é uma das condições para a manutenção do fornecimento. As outras são "conciliação dos estoques em consignação e acertos quinzenais; plano de recuperação que preveja mudanças na gestão das empresas e um assento do Snel no comitê de credores".
A nota reforça a decisão da maioria de apoiar as empresas, apesar da grave situação — e alerta que o não apoio pode significar o fim das duas redes.